23.12.10

Christmas in NYC

Quando eu achava que não voltava aos EUA tão cedo, eis que os imprevistos bateram à porta.

Poisoned Apple will be spending Christmas in NYC para que o Poisoned Apple Man não fique sozinho no Natal, do outro lado do mundo.


Maneiras que é isto, amores. Pela primeira vez na vida vou passar o Natal longe de casa e da família. Não sei se ria ou se chore. Só sei que não se pode ter tudo, que gostava de ser omnipresente, que está muito frio para aquelas bandas, que não tenho roupa para isto, que não sei o que levar na mala.


Para afastar tristezas, o melhor é imaginar-me a patinar no gelo em Rockefeller Center e abraçar a oportunidade de ir a NYC no inverno, coisa que nunca tinha feito e há muito queria. Só não tinha de ser era no Natal.


Boas Festas que tenho muito para tratar!


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25.8.10

USA road trip 2010 - parte V

O voo de San Francisco foi o voo mais rápido de sempre. Chegados ao avião, com muitos lugares à disposição, falámos durante uma hora e vinte e cinco minutos e já estávamos a aterrar. Um tirito, uma maravilha, nem deu para ficar moída, mas foi uma hora e vinte e cinco minutos que me custaram 60€. Acho mal, não se faz.

San Diego é terra de família, é terra já visitada e, para mim, já com pouca novidade. Foi tempo de descansar e de revisitar. Poucos compreenderão, mas esta viagem tão gira e fabulosa, em termos físicos custou muito a fazer. Assim que o sol caía já estávamos a desesperar pela almofada, procurávamos jantar pouco para poder cair na cama em pouco tempo. Os dias eram inevitavelmente cansativos, sempre de um lado para o outro, a querer aproveitar cada minuto e cada novidade. Eu estava mesmo a precisar de uns dias a fazer muito pouco e assim foi.

Em San Diego, dormi estupidamente, fiz compras, cozinhei para os amigos, comi muito, descobri os m&m's com manteiga de amendoim, desfiz pacotes inteiros desta iguaria, conversei até tarde, virei-me para o pouco sol que havia, amaldiçoei as temperaturas amenas de primavera e não de verão, brinquei com as crianças, tomei conta delas, contei tempo entre contracções de uma barriga enorme, andei de papo para o ar, invejei a vida de quem vive "à americana" e foi logo na chegada a San Diego que o GPS cagalhão-TomTom novo morreu com tão poucos dias de uso. Ainda hoje ando aos gritos com a malta que trabalha para a TomTom e nada de resolver o problema. Fora este último pormenor a resolver por terras lusas, aquela terra é fabulosa!

E ao fim de calmos cinco dias era tempo de voar para Nova Iorque. E eu mal sabia o que me esperava...

O voo de atravessar os EUA é tramado. No ar às 22:30, atravessei o país durante a noite, fiz escala em Charlotte às 06:00, aterrei em NY às 09:00 da manhã, morri de jet lag e os fusos horários eram difíceis de compreender. É duro. E muita fominha se passa. Nem todas as companhias aéreas alimentam o povo que transportam, estávamos sem dinheiro e os cartões não estavam a querer dar dinheiro. Os últimos tostões foram gastos no Starbucks.

À saída do aeroporto em NY, o bafo. Eu estou sempre a dizer que não volto a NY no verão, mas acabo sempre por ir lá parar. 30ºC em NY são muito mais difíceis de suportar que 40ºC em Las Vegas. A humidade dá cabo de mim, dos meus cabelos, da minha disposição, de qualquer sensação de limpeza. Eu que não sou rapariga de transpirar, escorria pelas costas. É tortura. Com hotel marcado, esperámos pelo shuttle que nos recolhia na estação do aeroporto e nos levava ao hotel. Era tomar uma banhoca, comer urgentemente e partir para o centro de Manhattan. Achava eu.

A chegar ao hotel, olho a área circundante e pegunto-me que merda é esta?!! Eu e o Poisoned Apple Man não temos por hábito estoirar o dinheiro em hotéis. Precisamos de um sítio normal, com quartos simpáticos, limpos, casas de banho também limpas e boa localização. Não precisamos de grandes luxos, pois preferimos gastar mais dinheiro em restaurantes e menos na dormida. Marcado um Econo Lodge, cadeia tipo Ibis, a área circundante era cenário para homicídios nas melhor películas americanas. Inclusive estava com medo de ser violada pelos mosquitos que lá andavam. Podia ser que o hotel fosse melhor, mas a recepção tinha parado no tempo, onde estava uma obesa de pijama branco (e transparente), de rolos na cabeça a consultar a internet, uma família de franceses com ar de quem não tomavam banho, papel de parede a cair, pendurado no ar com algo semelhante a cogumelos, fios de electricidade puxados aos molhos e pilhas de papel amarelado que deviam lá estar há tanto tempo quanto a minha idade. A medo, proferi: Rafat, estamos aqui para fazer o check-in. Eu tinha visto as fotos dos quartos, a coisa tinha de ser melhor. Ainda perguntei se a zona era perigosa, obtendo como resposta every city is dangerous. Não era bem isso que eu estava a espera, mas prontus. Dirigimo-nos ao quarto.

MEDO!

Se eu tivesse comida no estômago e não andasse a roncar à horas, era capaz de ter vomitado. O Poisoned Apple Man não abria a boca e entre suspiros preparava-se para ficar, tal o cansaço e a fome. A TV era daquelas com antena à antiga-vê-se-já-dá-imagem, a banheira já não era branca, tinha um tom amarelado-mais-limpo-que-isto-já-não-dá, a carpete estava comida, o quarto era raquítico e nem abri a cama não me fosse saltar à boca um pintelho enrolado de um porco qualquer. Dormir ali nem vestida com um preservatico gigante. Malta amiga da Interpol, CIA e FBI, se procuram terroristas, é neste hotel que eles dormem. Não tem nada que enganar.

- Eu não fico aqui! Isto é a casa dos horrores!
- Queres ir para onde? Já fizemos o check-in!
- Desfazemos!

E decidida parti em busca do Rafat - passando pelas prostitutas que percebi trabalharem naqueles quartos - a quem expliquei que não me levasse a mal, mas eu não podia ficar ali. Eu tenho cara de princesa, o que é que ele podia esperar? Nada em contrário, pois disse que não haveria problema. Ele lá deve ter estranhado ver casalinho tão composto naquele sítio. Eu tinha só de desmarcar com a agência através da qual tinha marcado o hotel, o que levou cerca de 60 minutos ao telefone que ele gentilmente emprestou, não deixando de explicar à menina que não podiam ter a Casa dos Horrores como opção de hotel. Detesto maus serviços. Prova superada com sucesso, fomos comer a um restaurante.

Eu estava para lá de f*dida e nem queria comer, só queria marcar um hotel. Arrastámos quatro malas, o restaurante tinha wireless, tirei o portátil da mala, o homem queria obrigar-me a comer, eu queria resolver o problema, a menina queria saber qual era o nosso pedido e eis que eu percebo que o portátil tinha poucos minutos de bateria. Para cúmulo, o iPhone não queria ligação à internet. Isto estava tudo a ser um teste à minha paciência. Estava pronta a partir loiça.

Comemos, regressámos no shuttle ao aeroporto, eu parecia um bife cheio de nervos. Devia ter umas trombas lindas, falava o indispensável, lamentei a minha triste sorte. Desentendi-me com o Poisoned Apple Man, estivemos quase a voltar para Portugal sem passar por NY e adorei a súbita mudança de humor e os miminhos dele para que a viagem não acabasse mal. Alguém que controlasse a situação!

No aeroporto não havia internet, ou melhor, havia mas tinha de a pagar para um mês inteiro. Paguei cheia de nervos. Não havia tomadas no aeroporto. Palmilhei cheia de nervos, perguntei pelas tomadas e ninguém sabia. Encontrei uma em sítio impróprio, sentei-me no chão e comecei a minha saga em-busca-de-um-hotel-em-NY-em-Agosto. Cheia de nervos, claro. As horas iam passando e eu não estava em Times Square. O Poisoned Apple afirmava:

- Sheraton! É já para o Sheraton! Nem procures mais nada! - e depois de alguma resistência inicial, cedi.

Fomos para o Sheraton onde me instalei, dormi e gozei como uma princesa. Piscina, jacuzzi e outras maravilhas, nessa noite jantámos lindamente num restaurante português de nome Seabra's Marisqueira. Fizemos os nossos dias por NY a derreter e transpirar estupidamente, percorremos mais de metade do Central Park a pé, matámos as pernas, ele carregou os meus sacos Victoria Secrets com quilos de cremes (jóia de moço!), comi as divinais pizzas que há em cada esquina e até conseguimos descobrir sítios por onde ainda não tínhamos passado. Adoro NY, é uma cidade à qual se quer sempre voltar, mas no verão não quero mais!

Depois de algumas intempéries, disse para mim própria que ainda me havia de rir destes episódios. Já consigo esboçar algum sorriso, excepto no que respeita ao TomTom. O desentendimento superado pelos Poisoneds Apple é prova de que aguentamos muito, mas custou-me mais a dificuldade que ele tem em entrar nas lojas do que me custou o momento Casa dos Horrores.

Home sweet home, as colunas do iPod griparam, a coluna da TV faz um barulho esquisito, o meu telemóvel que não funcionava foi substituído, uma das máquinas fotográficas revela algumas dificuldades em obedecer, o ar condicionado da sala berrou e eu estou com medo de mexer em qualquer electrodoméstico.

Engordei 3 Kg em 19 dias, já perdi um, o que significa que passei de querer perder 3 Kg para querer perder 5 Kg. Não percebo.

E agora quero mais uma viagenzita!

FIM

San Diego

San Diego


Peanut Butter m&m's


Bagels

NY Pizza

A jóia de moço leva

Central Park, NYC

NYC

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23.8.10

USA road trip 2010 - parte IV

Chegados a San Francisco, o choque. Passei de temperaturas de trintas e quarentas graus para uns míseros 15ºC a meio da tarde. Era tempo de casaco de inverno, de meias, de sapatos fechados, de capacete no céu, de uma neblina constante que estragava as fotografias. San Francisco não tem verão, tem estas temperaturas que oscilam entre os 12ºC e os 18ºC o ano inteiro. Mentira. Têm uma espécie de verão de São Martinho algures para Setembro e as temperaturas chegam aos vinte e muitos. Uma loucura!

Gostei da cidade de San Francisco, adorei as casinhas, mas é uma cidade à qual não voltarei em lazer. Além de estar vista, irritei-me muitas vezes, a começar pela entrada na cidade. O GPS dizia para escolher a faixa da direita, pela direita seguimos e de repente passou-se uma ponte sem pagar, quando do lado esquerdo estavam filinhas nas portagens. Pergunta o caro leitor? Mas porque raio há faixas sem portagem? Porque supostamente ali não se paga. Passámos por uma via (que existe em todo o lado dos EUA) de nome “pool lane” na qual se pode seguir se estiverem duas ou mais pessoas no carro. No entanto, diz-nos quem vive lá que isso acabou um mês antes de chegarmos e que vamos ver uma valente multa. Não sei. Nada me fazia sentido e deixei de pensar no assunto.

Irritação nº 2. Fui insultada pela função pública, fiquei furiosa com a falta de cuidado perante os que vão para lá gastar dinheiro, livrei-me, pelo menos, de outra multa enquanto o Poisoned Apple Man me desconcentrava da negociação gritando de dentro do carro filha da puuuuta! Uma pequena obesa e ordinária que não terá percebido o francês do meu homem. I know you’re not american and I don’t care. Puta. É, os americanos, quando brutos, é de fugir. Fica o aviso.

Pois eis que algures em Japantown procurei estacionar o carro. E um gajo não sabe como estacionar. Não há marcas no chão! Olhar para os colegas de lado nesta altura também não me serviu de muito. Cada lugar tem estacionamento tem uma máquina de parquímetro e eu não sabia se estacionar com a porta da frente ao lado da máquina, com a porta de trás, com a bagageira, eu sei lá! Irritação nº3, os americanos partem do princípio que os outros têm de saber. Perguntar? Quem tem boca vai a Roma, mas não vai aos EUA. Quem passava na rua também não sabia com certeza. Ficou a porta da frente encostada ao pilar, que era o que acahav fazer sentido, mais ou menos a meio do carro, mas afibal era o centro do lado do capot. Uhhh! Infringimos a lei em 70 cm! Mas enganei a porca da gaja. Como o timer do parquímetro tinha dinheiro, tirei foto com o carro e corri quarteirões à procura dela. Fui insultada, perdi a vontade de almoçar, mas safei-me de pagar 55$USA por 70 cm.

Irritação nº4. Estacionar é para esquecer. Mesmo. As pessoas matam por um lugar. E como tal, estacionar custa, nada mais, nada menos, que a módica quantia de 7$USA à HORA!!! Isto nas zonas que interessam. Nas outras, custa apenas 3,5$USA. Muuuito mais barato! Curioso foi ver algo que não existe em Portugal. Algumas zonas têm ruas em que não se paga o estacionamento. Há sinais que avisam para um limite de 2 horas de estacionamento, mas caguei nisso, já que não vi como podiam controlar esse tempo. Já encontrar foi uma sorte, que aquilo são sete cães a um osso, por isso ali ficava e andava a pé.

A cidade é linda, não vale a pena dizer que Lisboa tem colinas, porque aquilo é que são colinas. É de tal modo íngreme que quando se sobe com o carro não se consegue ver o que vai à frente, só o capot. A descer, é facílimo fazer um voo como nos filmes, é só acelarar. Carros antigos é para esquecer, além de beberem um depósito inteiro na tentativa, não vingam as subidas. No entanto, apesar da inclinação, as pessoas circulam de bicicleta.

As casas são adoráveis, de bonecas, como se vê nas fotos, mas curioso é que muitas delas são barracas por dentro e têm rendas baixas. Já as zonas ricas, metem o Restelo num chinelo.

Os parques, como o Golden Gate Park, à semelhança do Central Park em New York ou outros em Londres, são uma maravilha. Gosto mesmo de ir dar voltas a pé, fazer os circuitos marcados, ver bichos, passeando descontraidamente no meio da conversa. Naqueles parques, dá para perder horas. Ao fim-de-semana estão cheios, pois não é para os centros comerciais que as pessoas se dirigem. Ao fim da tarde, estão cheios de gente que vai exercitar o corpo a seguir ao horário de trabalho. O melhor que arranjo em Lisboa é Monsanto, parque florestal onde as putas atacam, onde corro o risco de ser violada, onde o melhor é não explorar muito a zona. E isso lamento realmente. Gostava de ter um parque destes em Lisboa, irrepreensivelmente arranjado, com as indicações de cada árvore, planta e flor em latim. Não que interesse, mas gosto do rigor.

É engraçado ouvir dizer que a Golden Gate Bridge é tão parecida com a ponte em Lisboa. Nada disso. Engraçado é que a Golden Gate Bridge seja mostrada aos portugueses, olhem, foi o mesmo engenheiro que a fez!, quando existe uma que é, definitivamente, igual! Também do mesmo piqueno, eis a Bay Bridge. É ver para crer. San Francisco tem tantas pontes que não contei. E há tanta gente, tantos carros e tanto tráfego que algumas delas nem sequer têm dois sentidos, têm apenas um. Há pontes de ida e outras de volta. O número de faixas é a perder de vista.

Jantei no maravilhoso e afamado Sushi Bistro que recomendo e também no Viva Pizza, uma coisa divinal nas ruas da comunidade de italianos. Eu queria comer mais, mas não cabia. No fim, sem sobremesa, tive de ir dar uma volta a pé para não explodir.

Estive quatro dias em San Francisco, que chegam perfeitamente para ver a cidade toda. Num dos dias fui ainda a Santa Cruz, a cerca de uma hora e meia de carro de San Francisco, para sul. Aparece logo o sol, o tempo muda imediatamente! O caminho até lá, numa espécie de marginal junto ao mar, é maravilhoso. Existem campos de plantações de abóboras, de morangos e apanham-se amoras na estradas. Em Santa Cruz, estive também numa espécie de feira popular, onde andei numa montanha russa de madeira com mais de cem anos, acompanhada pelo contrariado e menino Poisoned Apple Man, que lá se encheu de coragem e depois até gostou!

Adorei San Francisco, mas não é um sítio fácil. Não sei se os transportes públicos funcionam bem, mas as filas que eu vi para os cable cars eram de fugir. Há uma espécie de Metro a que chamam de Bart, com bilhetes a preços anormais. Pode-se pagar cerca de 12$USA para fazer uma viagem. Gostei da cidade, mas é aflitiva a forma como se está continuamente a abrir a carteira. É provavelmente a cidade mais cara onde alguma vez estive. E eu não ia a contar tostões, não sei o que será de quem vai assim!

(continua)


Cable Cars


San Francisco


Painted Ladies


Bay Bridge


Golden Gate Bridge
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19.8.10

USA road trip 2010 - parte III

A viagem ditava como destino San Francisco e tínhamos 3 dias para a fazer. Sabem os satélites os quilómetros que marca a distância malhava pelo carro desde Las Vegas. E sabia também o Ford Focus, tão diferente do que se vê nas ruas de Lisboa, não fosse a ameaça de tédio do Poisoned Apple Man que, chateado com tanta areia, para se animar começou a experimentar todos os botões do carro e assim eliminou a contagem das milhas do painel. Momento triste. Quantas eram??! Quantas eram que contamos a partir daqui!!! Não se lembrava. Nabiço. Apagou um registo fundamental para este blog. No experimentar dos botões e já a chegar ao fim de cerca de cinco horas de deserto, lá descobriu o homem que afinal tínhamos rádio via satelite. Vá, foram cinco horas de conversa e nada de música, não tem mal. Mal saímos do deserto rumámos a um McDonalds, mesmo, mesmo à saída da estrada. Civilização! Estávamos mesmo a precisar de umas bebidas frescas!

Dormimos em Bishop, uma cidade no meio de nada, pequena, tão pequena que tive de ir ver ao Google o número de habitantes. Caro leitor, além de vacas a pastar, milho e algumas mulheres de bigode, a cidade que é basicamente uma estrada com casas de bonecas dos lados, tem 3.500 habitantes. Os restaurantes fechavam às 09:00 PM, o que para bom português é a desgraça. Safámo-nos da fome graças ao típico Denny’s, maravilha americana, cheia de panquecas e rebenta-colesterol-e-veias na sua ementa. Maravilhoso!

De novo à estrada, passámos por South Lake Tahoe, Mammoth Lakes e Bodie Ghost City (ver fotos).

South Lake Tahoe é uma impressionante Suiça no meio dos EUA. São chalets uns atrás dos outros, estância de ski no inverno, coberta de neve, proporciona a prática de desportos de inverno; já no verão, é lugar de desportos aquáticos. Pelo que me foi dado a entender, é um lugar com uma fauna seleccionada, não é todo o americano que frequenta aquele lugar, é mais para alguma elite.

South Lake Tahoe


South Lake Tahoe

Mammoth Lakes segue o mesmo registo de South Lake Tahoe quanto ao que há para fazer, e é também absolutamente maravilhoso. A maior diferença é que é um sítio menos tocado pelo Homem do que em South Lake Tahoe. Aqui os parques de campismo abundam. E não se pense que são parques de campismo da Costa da Caparica porque não tem nada a ver. Aquilo é um luxo! Quase consigo compreender que as pessoas consigam acampar, mas só naquele sítio. A minha única experiência em Vila Nova de Mil Fontes, aos 20 anos, foi coisa para nunca mais. Princesa, é princesa. Não vale a pena forçar ao mato.

Mammoth Lakes

Mammoth Lakes

O Mono Lake éxtenso a perder de vista. Cenário de muitos filmes, o lago é hipersalino. Tem três vezes mais sal que o mar, pelo que engolir um pirolito deve ser uma coisa muito desagradável. Ali ninguém vai a banhos, mas consta que tem um sistema ecológico muito importante.

Mono Lake

A Ghost City, de nome Bodie, é coisa que desconhecia existência. Bendito o guia do American Express oferecido pelo Poisoned Apple Man. Em 1859 um sortudo qualquer descobriu ouro naquela zona. Começou a assentar arraiais, vieram outros, nasceu uma cidade com escola e tudo. Em 1913, e depois de tempos de crise, declarou-se o ouro como acabado. A malta fez as malas e deixou tudo como estava. A sensação que se tem é que alguém chegou à cidade e professou que a vida acabava ali no dia seguinte. Só falta ouvir a cadeira de baloiço balançar da rapidez com que os habitantes partiram.

Nos anos 40, Bodie virou parque de visita, com um museu pequeno onde vi corpetes antigos maravilhosos, garrafas de Coca-Cola nunca antes vistas, fotos dos que lá habitaram, brinquedos de antigamente, ferros de engomar, a tão estranha publicidade daquele tempo e outras curiosidades. Paga-se para entrar, há quem lá viva no meio dos fantasmas para tomar conta da cidade e vão mantendo as formas originais na medida do possível, com pó e tudo. Chegar lá não é um caminho para todos, fica o aviso. Às tantas o alcatrão acaba e é um verdadeiro caminho de cabras.

Saloon, Bodie Ghost City

Atravessei constantemente a linha que marca a fronteira entre a Califórnia e o Nevada, acabando por dormir neste último estado, em Carson City. A cidade era também pequena, mas já era outra coisa com mais de 50.000 habitantes. Dormi num hotel que parou nos americanos 1980, pelo menos! Ao abrir a porta, tudo era dourado. Candeeiros dourados, espelhos de moldura dourada, móveis de madeira escura, colcha que pareciam cortinas e cortinas que faziam justiça ao nome quando começaram a existir. Nada tinha aspecto velho, mas eu nem sei onde ainda se conseguem comprar aquelas coisas.

As casas continuavam a ser de bonecas e causou-me estranheza a quantidade de casas à venda. Ao perguntar, foi-me explicado que o Estado do Nevada tem uma percentagem de desemprego de 46%, ou seja, as pessoas tentam desesperadamente vender as suas casas para abalar para outro estado. Nos EUA, a possibilidade de ter de mudar de Estado para ir trabalhar é algo normal e aceite com toda a naturalidade. A mim, se me dissessem que ia de trabalhar e viver para fora da capital, dava-me um fanico.

(continua)
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18.8.10

USA road trip 2010 - parte II

Adorei a experiência do deserto, foi mesmo das coisas que mais gostei. Foi algo totalmente novo e, mais uma vez, é tal como se vê nos filmes. Isto, escrevo do estímulo visual, porque senti-lo na pele é como meter a mão no forno depois de fazer bolinhos. Mesmo. Death Valley é impressionante no seu tamanho, perde-se de vista e tem graça como a estrada serpenteia no meio do nada, ao lado das plantas que nunca bebem e de areia, pó, areia, e mais areia.

Vi um tornado de areia, vi dunas de areia cristalizada, vi sinais sucessivos de perigo: you’re about to enter in an extreme heat zone. A expressão “morrer de calor” ganhou todo um novo sentido no deserto. Ali, compreende-se mesmo que não é mito, alguém pode mesmo morrer de calor. E lá estava algures um painel de cuidados a tomar e notícias de gente pouco esperta ou infortúnios que marcaram destinos desgraçados. Alguns já se finaram por aquelas terras. 911 é para esquecer que não vai lá em nenhum instantinho, até porque na maior parte da extensão do deserto não há rede de telemóvel. No entanto, os rangers passam nos jipes, fazem um aceno de cabeça e observam para saber que está tudo bem.

As ondas de calor de 40ºC que se sentiram no país na minha ausência é coisa para bebés. A melhor forma de explicar o que são 49ºC é lembrar um corte de papel num dedo. Já todos passámos por isso. Agora é imaginar que a pele arde literalmente assim nas zonas expostas ao sol, como as pernas, os braços e a cara. Bastaram 10 minutos para subir (lentamente) uma pequena colina e ficar toda encarnada. O calor mudou a cor à pele e em tão pouco tempo ganhei um melhoramento do bronze, ainda que parcial. Foi nesse calor que consegui largar uma mosca que incomodou por muito tempo os viajantes. Não sei onde lhe demos boleia, mas sei onde a larguei a muito custo, só de abrir a janela e mudar a temperatura da viatura que estava mais simpática que lá fora. Não sei o que lhe aconteceu.

No chão do carro, as garrafas de água aos pares iam batendo umas nas outras. Os mapas amachucaram-se, o GPS não dizia nada a ninguém: era sempre em frente. A altitude fazia estalar os ouvidos como no avião, subi aos 10 mil metros. E também desci abaixo do nível do mar. Fiz xixi no meio do deserto. Baixei os calções ao ar, no meio da estrada, no meio do nada, não havia ninguém e o que mais se fazia sentir eram os raios de sol porque bichos também não os vi. De calções para baixo, rabo à vista, o Poisoned Apple Man tirou umas fotos muito impróprias* que só mostrei à minha mãe. Ria e eu gritava desesperada. Ninguém me ouviu.

Assim que pude, comi um gelado. Um maravilhoso Snickers bar ice cream a 0,70$USA para ser mais precisa.

*Fiquei a achar que o meu rabo é enorme, mas tenho um jacto de urina normalíssimo.

(continua)

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USA road trip 2010 - parte I

Em 19 dias fiz seis voos, percorri um país de ponta a ponta, mas não vi tudo. Perdi-me de riso, de cansaço, esfolei os pés, irritei-me, aprendi. Perdi a conta aos quilómetros, tantos e muitos, debaixo de temperaturas amenas, abrasadoras e frias. Gosto mesmo dos Estados Unidos. As pessoas do interior são uma simpatia, moles, vivem (algumas) em terras de extremos de calor e frio, ouvem o zumbido das moscas, não se passa nada durante dias inteiros. O ouvir do pisar da areia e das pedras de um carro a chegar pode ser uma emoção. Já nas grandes cidades, muitos são os americanos que dá vontade de explicar não me fales assim que levas uma chapada. Não sei se é de serem muitos, nas grandes cidades a simpatia não é a mesma. Não sei se é da azáfama, se é de as ruas equilibrarem milhares de pessoas nos passeios, uma demografia por metro quadrado semelhante aos bairros populares de Lisboa em noite de Santo António, não sei se é de haver gente em todo o lado, mas muitos são os que simplesmente don’t care.

Habituei-me à ideia das tips. As gorjetas sucessivas matam-me, mas à medida que o meu passaporte aumenta o número de carimbos na entrada no país, mais me habituo. O melhor é encolher os ombros. Parto do princípio que as pessoas são pagas pelo seu trabalho, mas alguns dizem-me que não, que vivem das gorjetas. Outros dizem que não é bem assim. É normal andar com um maço de notas de dólar para a quantidade de vezes que é suposto deixar uma tip. Existe no país inteiro uma economia particular com base em gorjetas.

Las Vegas é tal e qual como se vê nos filmes. A Strip é enorme, os hotéis são fabulosos, os casinos não há palavras que os descrevam. Não ganhei o meu primeiro milhão como queria, mas também não joguei muito. Fui mais observadora. O pouco que joguei deu-me para ficar deslumbrada com a roleta. Num jogo que já levava muitas apostas, avisei o Poisoned Apple Man que já estávamos a ganhar mais de 50% do apostado. Era altura de sair. Só mais uma! Só mais uma! E assim se perdeu tudo. Assim assisti à destruição de um lucro de cerca de 6,50$USA. Viciado, deixou-me lixada.

Trocos à parte, vi quem perdesse 10 mil dólares em poucas jogadas. Eu contava fichas a uma distância segura, fazia câmbios mentais do que aquele dinheiro dava para fazer e foi-me pedido que ficasse junto à mesa. Um maluco com comportamento cocainado começou a ganhar assim que cheguei. Chamou-me lucky charm, disse que não podia sair da mesa, onde me sentei e fumei um cigarro, dei uns palpites aos quais não ligou e abandonei-o quando começou a perder. Não queria saber do meu feeling, apenas da minha presença e sem interactividade não tem graça.

Em Las Vegas, às 21h a média era de 40ºC. A melhor forma que tenho para explicar a experiência é colocar um secador no quente e ligá-lo junto à cara. É mais o menos a mesma sensação, ainda que com menos vento. Durante o dia é difícil sair à rua, mais difícil ainda é não ter um aspecto suado por mais banhos que se tome. Nunca cheguei a compreender como algumas mulheres se conseguiam manter impecavelmente maquilhadas e sem aquele brilho desagradável que denuncia olha que parece que estás com calor.

As compras são de aproveitar, os outlets uma perdição e lamenta-se a falta de paciência masculina para maior aprofundamento comercial. Às 19h ainda não é possível apanhar banhos de sol, a não ser dentro da água da piscina. Perdi o meu chapéu fashion, o espectáculo dos Blue Man Group é coisa que recomendo e o sushi do Fashion Show Mall é restaurante a não perder!

(continua)
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New York & New Jersey



























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San Diego & Danapoint












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