25.6.12

Colômbia - A chegada a Bogotá

No voo Miami-Bogotá passei por cima das Caraíbas espalhadas num imenso azul turquesa. Lá ia olhando para o mapa à minha frente com atenção, que alternava com a janela e avisava o homem “olha a Jamaica!”. Foi a primeira vez que voei na LAN e gostei. O avião ia praticamente vazio, mas achei que estava tudo muito limpo, com bom aspecto e foi a executiva com mais espaço que já vi na vida. A meio do voo comi uma omelete absolutamente maravilhosa com uma tortilha de batata qualquer que vai ficar para sempre na memória do meu paladar. Que pitéu!

Durante o voo de 3h30m, foram-me ainda entregues uns documentos para preencher. O propósito da viagem, onde era o hotel, o tempo que íamos ficar, as perguntas do costume, papelada que depois viria a entregar a uma criatura qualquer no aeroporto de Bogotá, o El Dorado. Depois disto, que é coisa para levar uma hora, fomos buscar as malas e passámos por um controle de bagagens com raio-x, mesmo à saída do aeroporto, que todo ele tem aspecto de ter parado no tempo. Velho, arcaico, com o contraste de umas zonas mais modernas.

Neste processo há um documento importante a não perder. É uma folhinha branca arrancada de um bloco, coisa que eu poderia fazer no word, onde se escreve o hotel de destino, o voo, o nome e pouco mais. Disseram-nos que não podíamos perder aquilo, sem mais explicações, dobrei e guardei dentro do passaporte sem saber para o que servia. Aquela porcaria parecia não ter utilidade nenhuma, mas no regresso a casa fiquei a saber que serve para ir carimbar a um balcão com uma fila de cerca de 10 mil pessoas e entregar no check in, tudo para não ter de pagar um imposto pelo facto de ter estado naquela terra. Então mas eu venho cá gastar o meu dinheiro e ainda tenho de pagar por isso? É assim, camaradas, terceiro-mundista. Fiquei ainda a saber que o valor a pagar se tivesse desaparecido com o papelinho depende do destino. No meu caso era Miami, o que equivalia a 35$USA por cabeça, a módica quantia de 70$USA por razão nenhuma. Se perdeu o papel, temos pena. Paga! Adiante.

Logo à saída do aeroporto há casas de câmbio para comprar pesos colombianos. Eu nunca me meto nisso, levanto sempre dinheiro no Multibanco. Fiquei sozinha com as malas e o Poisoned Apple Man foi tratar de procurar uma caixa Multibanco. O tempo que ele demorou foi o tempo que fui bombardeada com mil gajos a oferecer táxis, camionetas, shuttles, para onde vão? Nós cobramos barato!, coisas para as quais não tenho paciência, mas lá vou recusando e agradecendo com um sorriso, que eu sou moça educada. Se aguentei o sorriso em Marrocos, aguento em qualquer lado.

Para um gajo não ser enganado, à saída do aeroporto, virando à direita, está um balcão e uma praça de táxis. Nesse balcão falámos com uma menina, dissemos para onde íamos e ela entregou um talão com a morada e o preço a que ia custar a corrida. Esta é uma forma de evitar as roubalheiras. Depois é ir para a fila de táxis, entregar o talão ao condutor, e rapidamente aparece um tipo qualquer a querer carregar as malas em busca de uma gorjeta (“propina”).

Os táxis em Bogotá são absolutamente mínimos. Eu não sei que carro eram aqueles, ficam sempre bastante desfigurados, mas era coisa para ser mais pequeno que um Renault Clio. É um KIA que acho que não existe em Portugal. Fiquei a olhar para aquilo como quem olha para uma plantação de couves e não percebe nada do assunto: tínhamos duas malas grandes e duas malas de mão, e só uma mala grande cabia no porta-bagagens. Lá veio o tipo todo disponível num “isto resolve-se já!”, meti-me dentro do táxi, encostaram-me a uma janela, vi-me prensada na companhia de duas malas, o PAM seguiu à frente com outra mala nos joelhos, mais a que seguia atrás no porta-bagagens. Depois o tipo foi ter com o PAM à janela esfregar o polegar e o indicador. O PAM ainda só tinha notas grandes e perguntou “pode ser dólares?”, “dólar? Sí, claro que sí!”, afirmou o coitado de sorriso arregalado. Demos 2$USA, que espero que lhe tenham sabido pela vida, seguimos caminho, sem que eu soubesse que ninguém naquela terra sabe conduzir.

Andar de táxi na cidade de Bogotá é circular de coração nas mãos, ao que acresce o facto de estes carros terem uma chapa parecida com uma caixa de fósforos. A corrida até Virrey, mais ou menos no centro, demorou cerca de 1/2 hora e ficou por 22.000 pesos, o valor que vinha inscrito no talão. Em toda a viagem fui alternado entre a mão no coração ou a mão na garganta, dei ais disfarçados, pus o pé a travar sem travão, o PAM à frente disse palavrões que alternou com gargalhadas, enquanto comentávamos o absurdo que aquilo era. A condução em Bogotá será parecida com a da Índia, com a diferença que em Bogotá ao menos respeitam os sentidos na maior parte das vezes. A máquina do trânsito é tão interessante naquele país que nem sequer existem semáforos para peões. Quer dizer, começam a existir alguns, é raro, deve ser coisa nova e recente. Aquilo é cada um por si, dar uma corridinha para atravessar e sempre que avistávamos um semáforo para peões até era assunto de conversa e para apontar o dedo

Quando chegámos ao hotel, estava em choque com aquilo que tinham sido as vistas. A cidade parece uma favela gigante. Tudo feio, cinzento e partido. O condutor do táxi tratou logo de nos dar o troco em mil notas de milhares, ficámos a olhar para dinheiro que não conhecemos e quando fiz contas percebi que o gajo nos surripiou 1,50 Eur., o cabrão. Fiquei logo danada, não pela quantia, mas porque estas coisas deixam-me doente.

Um pincel da Colômbia é que as contas são todas aos milhares, mas rapidamente aprendemos uma técnica para transformar os pesos em euros, que foi retirar os zeros e dividir por dois. Ou seja, 22.000 pesos da viagem do aeroporto para o hotel custou 11 Eur, mais coisa menos coisa. É realmente barato andar de táxi em Bogotá, se não fizermos contas ao perigo da condução.

(continua)

 Aeroporto de Bogotá, El Dorado


 Táxis de Bogotá
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18.6.12

Descobrir a roda

Mulherada, vocês vão ficar-me gratas pelo resto da vida!

Então, eu sempre fui mulher para andar com as unhas impecavelmente arranjadas, enquanto solteira. Não que as arranjasse em cabeleireiros, eu própria sempre tratei disso. Tinha tempo! Depois comecei a namorar com o Poisoned Apple Man e fiquei desempregada. Andava sempre com as unhas arranjadas. Tinha tempo! E depois arranjei um emprego, acumulei com outros trabalhos, ainda tive de me dedicar à culinária e pintar as unhas tornou-se um cenário quase impossível.

Quem me lê, parece que tenho um rancho de filhos para cuidar, eu sei. Não tenho filhos mas trabalho e quando tenho tempo de pintar as unhas é à noite ou ao fim-de-semana. Ora, eu tento deitar-me cedo, mas mesmo que me deite mais tarde, pintar as unhas à noite e ir para a cama mais logo é sinónimo de acordar com os vincos dos lençóis todos marcados nas unhas!

Fico possuída. É tempo dedicado à beleza para coisa nenhuma e tenho de remover tudo outra vez ou ver se consigo salvar o desastre com uma camada de brilho. Um pincel, a bem dizer. Com o tempo, decidi que tratava de arranjar as unhas ao fim-de-semana ou então não valia a pena.

E um dia li num blog de uma amiga maravilhas sobre um top coat da MAC. Eu que achava perceber de vernizes, nunca tinha ouvido falar em nenhum top coat. Quéeeeeeee isso? E dizia ela que o drama de acordar com as marcas dos lençóis nas unhas era coisa que pertencia ao passado. Jurava que depois de pintar as unhas e aplicar uma camada de top coat, bastava esperar 30 minutos, podia ir para a cama e no dia seguinte acordava com as unhas impecáveis.

Desconfiada perguntei se era mesmo verdade (lê-se muita coisa nos blogues). É que a ser verdade isto significava uma revolução na minha vida. Ela garantiu-me que sim e mandei o Poisoned Apple Man tratar da aquisição deste verniz (14,60€ na MAC do El Corte Inglés).

Não é que é mesmo verdade? Viva la revolución! Desde então ando com as unhas impecavelmente pintadas, uso todos os encarnados que tenho, isto é a 8ª maravilha do mundo.

Minhas queridas, se há dinheiro que gastei bem gasto na vida, foi nisto! Só tenho pena de não ter descoberto esta preciosidade mais cedo. Foi como descobrir a roda dos vernizes. As meninas experimentem que nunca mais vão querer outra coisa. Além de deixar de ficar com marcas no verniz, este top coat dá de bónus um brilho extra que é mesmo catita e, melhor que tudo, faz o verniz durar e durar e durar. Chego a andar 7 dias de verniz encarnado sem ter de reparar os cantos que antes iam lascando.

MAC Overlacquer Finition top coat - 14,60€

My precious! Estou cliente para o resto da vida.
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7.6.12

Bronzer

Piquenas, atentem no que vos digo. Ponham os olhos nisto!

Eu já tinha a base Superbalanced da Clinique, que adoro. Quando percebi que ia ser lançado um Superbalanced bronzer, pensei logo que tinha de o adquirir!

Há anos ofereceram-me um bronzer da Estee Lauder que desapareceu do mercado. Foi uma facada nas costas. Durou-me que tempos, poupei-o até aos últimos pozinhos e quando se acabou não tive outro remédio senão procurar alternativas. Só que tudo o que fui comprando era um «assim-assim», um «vai ter de servir», mas nada de que morresse de amores.

Quando cheguei ao Macy's em Miami, voei para o balcão da Clinique pronta a experimentar. E não me desiludiu! Adoro, adoro, finalmente um bronzer como gosto que não desaparece num instante, que não me deixa com cores esquisitas e, modéstia à parte, me deixa com muito bom aspecto. O bom desta embalagem é que se roda e vai saindo produto novo. Ou seja, o pó que está prensado não vai ficando envelhecido com o tempo.

A má notícia é que segundo me consta este bronzer da Clinique não vem para Portugal. É caso para ficarem tristes, mas se tiverem a oportunidade de encomendar, de pedir a alguém que vá de viagem, a solução está encontrada. Com o câmbio custou-me 30€ e estas embalagens duram um eternidade, é um bom investimento.


Nos últimos dias tenho ouvido "eh lá, grande bronze!". Só não digo é que tenho uma "ajudinha" na cara.



Superbalanced Bronzer da Clinique

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6.6.12

Colômbia - parte 1

A Colômbia não foi um destino escolhido para ir passear, para ir de férias. O que estava escolhido era a Tailândia, mas um amigo do Poisoned Apple Man vive em Bogotá, decidiu casar, e como amigo de infância, o PAM era padrinho. Trocaram-me completamente as voltas a uns quatro meses do casamento. Quando o PAM me contou, eu não concordei imediatamente que ia. Aliás, o meu primeiro comentário foi «Colômbia? Terra do narcotráfico?» Perdoem-me os colombianos, mas era esta a conotação que tinha.

Não muito convencida, iniciei a minha busca por informação e procurei imagens na internet. Fiquei surpreendida e intrigada ao perceber que nos guias do American Express (com que tão bem tenho feito as minhas viagens), a Colômbia não existe como destino. Por sua vez, o Google dá umas fotos miseráveis da capital. Achei que era de desconfiar. Uma leitora deste blogue enviou-me um pequeno guia de passeios em Bogotá, coisa para 30 páginas, que agradecida li e imprimi, mas não achei nada de especial. Nada me levou a pensar «tenho de ir ver isto!».

Uma ou outra vez me desentendi com o PAM por causa desta viagem. A mula (eu) trata de organizar tudo, investigar o que é possível de encontrar, e ao ver que a coisa não se apresentava como famosa, restou-me ser contrariada. O PAM é isto mesmo: não interessa se não viu nada, não vai sequer ver como é o mapa do país (não percebo como é capaz de viajar sem olhar para o mapa), e se o amigo que vive lá há três anos diz que «aquilo é muito giro», então é porque é e eu não sei procurar informação. O mal está em mim. Acho que isto deve ser comum a todos os homens que vão estar com amigos e beber uns copos. A febre é tal que não importa se dormem no esgoto. Mas eu que sou uma rapariga organizada, de planos, de MUITA organização, mato-me dos nervos com estas coisas de adolescente. Não sou princesa, não tenho de dormir em sítios luxuosos, mas tenho de estar organizada.

O noivo é um tipo porreiro, mas é um tipo que se fez à vida numa viagem pela América do Sul de mota, sozinho, com 4 t-shirts numa mochila e sabe Deus quantos pares de cuecas. Dorme em qualquer vão de escada como é capaz de dormir num resort de luxo. Está sempre tudo bem e por isso é capaz de viver em Bogotá. É um porreiro, mas não serve de barómetro e eu já sabia disso.

Exemplos:

1. «Ele diz que em Cartagena de Índias conseguimos dormir por 20€ em qualquer hotel espectacular!». Vou ver e só há hotéis caros. «Não é nada, não estás a procurar bem!». Afinal é.

2. Eu aviso que o hotel escolhido pelos noivos é caro e uma espelunca, o povo em massa. «Não é nada, eles vivem lá é que sabem!». Viva o povo que arrota, fala alto e não tem maneiras.

Há uma coisa que se chama reviews e que eu tenho em conta.

Porque quero ser mulher do PAM para a vida e tenho um compromisso assumido, segui nesta viagem do lado dele, mas com expectativas muito baixas (minha rica Tailândia!) e não me enganei. Não gostei de Bogotá, não achei Cartagena de Índias nada do outro mundo, e adorei Barú. De todas as viagens que já fiz na vida, esta foi a ÚNICA que no seu fim me fez pensar «não gostava de voltar». Tal coisa nunca me tinha acontecido, sempre acabei as viagens já com uma ponta de saudade, com um sentimento e esperança de um dia poder regressar. Desta vez não. Não estou arrependida, mas é uma pena que tenha gasto tanto dinheiro numa viagem que pelo sítio não me ficará no coração nem na memória.

Mas não se pense que andei a viver um calvário! Diverti-me, a Colômbia tem coisas interessantes, não foi tudo mau. Devo acrescentar que esta foi a primeira vez que estive de viagem com o PAM e um grupo. Agrada-me a ideia de passear com alguns amigos, um ou dois casais, mas esta cena de 20 pessoas é coisa a não repetir noutros destinos. No entanto, tenho perfeita consciência que em Bogotá foi a salvação da viagem, se estivesse só com o PAM tínhamos rumado a outro lado qualquer num instante.


(continua)
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© A Maçã de Eva

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