27.10.20

Sopa de abóbora


Adoro sopa, não vivo sem sopa, verão ou inverno. Esta sopa de abóbora vem certeira para aproveitarem as abóboras de Halloween.  

É uma sopa grande, deve ter rendido cerca de 3,5L.

1 fatia de abóbora (cerca de 300 gr.)
2 alhos-franceses
2 courgettes
3 cenouras
1 cebola
1 nabo
3 dentes de alho
azeite 
sal

1. Descascar, lavar, cortar todos os legumes e colocar numa panela grande.

2. Cobrir com cerca de 1,7L de água a ferver e deixar cozer durante cerca de 15 minutos.

3. Desligar o lume, deixar repousar de panela tapada cerca de 30 minutos.

4. Acrescentar sal, deitar um bom golpe de azeite, bater bem com a varinha mágica e está pronta a comer.

Quem gostar, esta sopa com um fio de natas no prato fica uma delícia!



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20.10.20

Business brainstorming #1


Vamos experimentar aqui um formato de discussão de ideias para quem tem negócios (ou para quem é consumidor e também tem algo a acrescentar) onde todos podem contribuir com os seus pontos de vista. Espero que daqui saia sumo!

Como sabem, tenho a minha marca de calçado e swimwear, a ROS Lisbon.

A marca, de venda online, tem como meios de pagamento a Refª Multibanco e muito em breve encontrarão o MBWay e o cartão de crédito (está nos últimos testes de funcionamento). Sempre tive disponível o Paypal, mas só aparece como possibilidade de pagamento para envio para outros países, compras internacionais.

E por que motivo não tive estas modalidades de pagamento desde o início? Porque os prestadores destes serviços de pagamento são uns chulos.

Já tive o sistema Ifthenpay, tenho agora o sistema EasyPay (e terei a seguir o que menos me for ao bolso) e o Paypal Empresas para encomendas de fora.

Na refª Multibanco, por cada transacção na minha loja online - até meados de Março 2020 - tinha de pagar 0,69€ + IVA, independentemente do valor total cobrado ao consumidor. O Paypal sempre foi um chulo (por isso é que é são ricos), as taxas estão aqui, é um roubo e por isso não dei como hipótese nacional.

Mas no fim de Março (o mês em que a pandemia estalou em Portugal e se deu o confinamento) tudo mudou e todas as empresas que prestam este tipo de serviços de pagamento duplicaram (ou quintiplicaram) o valor das taxas que agora varia em função do total, independentemente se for através de MBWay, Refª Multibanco ou cartão de crédito. 

Em Portugal, os empresários com vendas online são reféns destes conluios. Negócios à parte, sempre achei um absurdo o que os bancos cobram a um cliente pelas transferências: 1€ por cada uma??! Em 2018 fiz contas à minha conta pessoal (nem cheguei à do negócio) e em comissões, taxas e taxinhas, levaram 120€. A isto acrescentem as taxas e taxinhas que cada negócio paga de cada vez que eu uso o meu cartão enquanto consumidora. É sempre a dar.

Como é óbvio, não espero que os bancos trabalhem de graça, mas isto a multiplicar pelos empresários e utilizadores de um país, é obsceno. Para quem se interessa pelo tema, vale a pena ler esta entrevista de 2019, mas ainda muito actual.

Vamos a exemplos práticos para uns botins de 130€ vendidos na minha loja online.

Antes da mudança, o custo da transacção era de 0,69€ + IVA. Este era o valor calculado e integrado no meu business plan anual.

Com a mudança, o valor passou de 0,69€ + IVA para uma taxa de 1,50% + 0,25€ + IVA, ou seja, para os mesmos botins de 130€, literalmente de um dia para o outro, os custos da minha empresa para vender o mesmo par de sapatos de 130€ é de 2,20€ + IVA.

Para um número redondo, multipliquem isto por 5.000 transacções num ano e estamos a falar de taxas na ordem dos 11.000€ + IVA que antes eram de 3.450€ + IVA. É obsceno.

Têm noção do impacto que isto tem para uma pequena empresa?

Mas não fica por aqui! Com a EasyPay, se o cartão com que o cliente faz o pagamento não pertencer ao espaço SEPA, acresce 2%. E se o cartão do cliente for Business, acresce mais 1%!

Ou seja, para os mesmos botins de 130€, aplica-se 0,25€ de taxa fixa + 1,50% de taxa variável + 2% por se tratar de uma cartão fora do espaço SEPA + 1% por ser um cartão Business. A comissão que a ROS Lisbon tem de pagar ao banco por uma transacção com estes critérios, é de 6,10€. 

Se toda a gente fizesse pagamentos assim, numa realidade anual de 5.000 transacções, as taxas que a marca teria de entregar ao serviço de pagamentos somaria um total de 30.500€ ao ano. É o chamado "trabalhar para aquecer".

E quando um cliente faz uma devolução, a taxa é devolvida à empresa? Não, os bancos ganham sempre.

E o que fizeram as empresas perante este aumento brutal? Nada.  

Nada porque não existe um voz de força e isto passa de fininho. O consumidor comum desconhece estas questões, só quem anda com a mão na massa é que fica aflito, pois, em palavras simples, os bancos estão a levar uma boa fatia dos lucros, valor dos quais os empresários vivem. Valores com os quais vão ao supermercado e pagam contas da casa. Para quem tem loja online, isto não foi um ligeiro aumento, foi um tijolo atirado para cima da mesa.

Qual seria a forma mais barata para as empresas? A transferência bancária em que, a existir custos, seriam do cliente e da sua relação com o banco. Mas essa é uma opção que nem coloco porque não tendo o custo das taxas, como marca tenho custos de imagem e de tempo. As encomendas só poderiam ser enviadas após boa cobrança, o cliente teria de esperar mais tempo em vez de receber em 24h, teria de ter o pessoal a ver se o pagamento entrou na conta, poderiam enganar-se nessa lista de confirmações (e Mãe Maria, quantas vezes se enganam os funcionários), tudo isto custa horas de trabalho. Há demasiados contras. Talvez funcione para negócios mesmo pequeninos ou do tipo "fabrico após encomenda", aí existe uma espera com que o cliente está a contar e mais um ou dois dias para verificar a boa cobrança não causa mossa.

 

Na altura, em Março, lancei a colecção primavera-verão e não aumentei preços para cobrir estes custos. Pelo contrário, assumi os custos e ainda ofereci portes gratuitos para Portugal em compras acima dos 75€, o que significa 5€vezes o exemplo de 5.000 compras, mais 25.000€ + IVA para a transportadora além das taxas.

E para um negócio de margens pequenas (a produção em Portugal é muito cara), por melhor que as vendas estejam a correr (que estão e estou muito grata por isso), os custos são desmotivadores, o lucro é cada vez menor, o consumidor quer preços cada vez mais baixos, materiais cada vez melhores e por isso as marcas vão produzir com materiais baratos para a China.

A produção portuguesa lá se vai aguentando, nas ruas da amargura.

No âmbito do calçado e depois de retirados os incentivos à massiva presença portuguesa nas feiras internacionais, o cenário de centenas de stands portugueses deu lugar a um deserto. Portugal estava ali taco a taco com a produção espanhola e italiana, mas vai claramente descer no ranking às cambalhotas e em pouco tempo. A brincar a brincar, a presença de uma marca numa MICAM pode facilmente rondar os 30 mil a 50 mil € num stand singelo.

Com a pandemia, a produção no norte, não está famosa. Há quem vá mudar de área, há quem use as poupanças para se ir mantendo à tona e até deve haver quem faça danças ao sol por melhores tempos económicos.


Ter um negócio é isto. Já tinham pensado nestas coisas? É preciso vender MUITO para se tirar alguma coisa simpática, já nem digo maravilhosa.

E por aí, empresários?

1. Como reagiram ao aumento das taxas das transacções de lojas online?

2. O que fizeram ou planeiam fazer?

3. Procuraram outros meios de pagamento que não fossem um assalto? E encontraram?

4. Enquanto consumidores, o que deveriam fazer os empresários?


Gosto muito da quote que ilustra este texto. E é mesmo verdade, cada venda é uma conquista, os pequenos negócios não trabalham com vendas em massa. Cada agradecimento/elogio que recebo é motivação para continuar. Saber que tenho um produto de muito boa qualidade é a minha consciencialização e manter é o caminho. Cada oferta a influencers é sofrida (e tem um custo financeiro maior do que julgam), é ficar a pensar se é bom investimento/aposta e se vão fazer um bom trabalho de divulgação. Cada colecção traz ansiedade a pensar se se fez uma boa escolha, existem tantos factores e tudo depende tanto de nós que não há empresário que não trabalhe todos os dias do ano, nem que seja numa folga a pensar num assunto qualquer.

"A cada venda uma dança" é giro, mas é caso para dizer dizer que eu faço uma festa, mas os bancos fazem um banquete com o meu esforço de trabalho cobrando uma taxa altamente inflaccionada para o custo real que eles têm.


***

O próximo Business Brainstorming #2 já tem tema e é sobre consumidores que não fazem o pagamento das encomendas online (formalizadas e com dados de pagamentos atribuídos), prendendo artigos no carrinho, o que significa impedindo a sua venda no prazo de pagamento estabelecido.

Juntos podemos aprender ❤ Eu com a troca de ideias, vocês enquanto consumidores a aprender factos que desconheciam e também pode ganhar conhecimento quem quer ter um negócio mas não tem experiência. Lancem os vossos temas/ideias e eu fico a matutar neles para novos textos.

 



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© A Maçã de Eva

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