22.7.13

Pelo mundo com os tachos

Dizem que eu sou viajada, mas comparado com a Catarina eu não passo de uma aspirante a viajante. Anda há 16 anos a dar voltas a mundo e a comer. A Catarina é como eu, gosta de cheiros e sabores, de provar coisas novas, de andar pelos mercados e experimentar restaurantes. Chega a casa e procura recriar o que comeu com o que encontra na despensa de casa.

Foi daí que surgiu o livro “Pelo mundo com os tachos” que me veio parar às mãos, um presente que acertou, tem tudo a ver comigo. A Catarina, além de cozinhar, gosta de inventar, não gosta de gorduras e perde-se por sabores.

O livro tem uma frase engraçada: “odeio dietas, acho que a melhor forma de não ter que emagrecer é não engordar”. E é por isso que gosta de comida saudável “mas sem sabor a hospital”.

A Catarina, além de fotos que quase me finaram de inveja, conta uma história associada a cada receita. E lê-se com curiosidade todo um conto à volta daquele prato com tão bom aspecto.

Ficou-me na memória o “frango à indiana” saboreado debaixo de um interrogatório indiano: se era casada, se tinha casado por amor ou arranjo, toda uma séries de questões que só poderiam ser ouvidas numa outra ponta do mundo. Para o inquisidor, casar por amor era um disparate que apenas leva ao divórcio. Coisas que os ocidentais estranham, diferenças culturais tão marcantes que no fim do almoço a Catarina percebeu que só estavam de acordo quanto ao frango: era muito bom!

Adorei o livro e para quem gosta de viagens, dá um excelente presente. Recomendo!

O livro é de capa dura, pesado, óptima qualidade e pode comprar-se aqui. O Facebook do livro com fotos e outras informações está aqui e o blogue da Catarina está aqui.







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16.7.13

Chamem uma ambulância

Eu não sei se acontece o mesmo convosco, mas o Poisoned Apple Man gasta-me o nome. "Ó Anaaaaa...!", "Aninhaaaaas!", "Gataaaa!" e vai chamando pela casa, mantendo-se no lugar e eu que me desloque. É mais ou menos do que vocês mães se queixam com os vossos rebentos.

E uma vez uma pessoa aguenta, à terceira já está a revirar os olhos e à quinquagésima eu já vou a deitar vapores pelo nariz e a falar torto.

É verdade que hoje na praia reparei nos pés do homem. Depois do horror, disse-lhe que o dia não podia acabar sem ele retirar as peles mortas dos pés com pedra pomes, coisa com o que ele já teve uma relação esquisita.

Ocupada noutras coisas, lá estava ele aos gritos dentro do duche a chamar por mim.

- Diz, PAM!
- A pedra pomes?
- Está no mesmo sítio de sempre, PAM!
- Não, não está.

Pois, não estava. O homem teve razão uma vez na vida, reconheço. Estava ainda no necessaire da viagem a Viena. Fui buscar a pedra pomes e atirei com a dita para dentro da cabine do duche.

Acertei-lhe com a pedra pomes na testa.

Juro que não foi de propósito. A emergência médica deve estar a chegar.

A quem interessar, a melhor pedra pomes do mercado é da Body Shop
Tenho a minha para aí desde o tempo dos Descobrimentos.

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15.7.13

Looks 1, 2 e 3

Um gajo anda aqui a ver se mostra trapinhos e ideias, ando sempre com receios, já o post do último casamento a que fui saiu a ferros (apesar de as leitoras parecerem ter adorado), e eu que tinha três looks para sugerir, em vez de os mostrar em três posts, aproveito a silly season e o modo de auto-gestão em que o blogue entrou para arrancar com eles.

Tenho de gozar as férias minha gente, por isso não me levem a mal a falta de tempo para escrever. Tudo regressará à normalidade, eu preciso é de descansar.

O melhor é clicarem nas imagens para ver as minhas sugestões com bom tamanho. Ainda tenho umas sandálias rasas para sugerir, coisa fina, mas fica para daqui a uns dias.


Ainda não tenho estas sandálias. Estava quase para as encomendar, mas li umas reviews que diziam que a peça de metal magoa e fiquei com medo. Eu sou a maior fã de Nine West, além disso, assumo-me obcecada por sandálias rasas. Eu nem sei quantas tenho!

O top da Oysho tem sido uma segunda pele este verão. É tão bonitinho! De tal forma, sabendo que as peças brancas mais dia, menos dia, ficam feiosas, comprei um segundo top. É aproveitar, está no site em promoção a 50% de desconto.

As calças da Zara têm sido boa companhia! Tive de as encomendar online, não sei se ainda há, mas se gostarem recomendo. Só não recomendo a quem tiver gémeos muito desenvolvidos. Parecem largueironas, mas não são assim tanto e quando me baixo apertam um bocadinho. Costumo ser um 38 e encomendei um M, perfeito na cintura e anca.



Este vestido de verão da Mango também tem sido boa companhia para os fins-de-semana de praia e piscina. Nunca o vi nas lojas da Mango, encomendei online, um M, não sei se ainda encontram, mas é boa compra, fica mesmo giro e o algodão é confortável.

O bikini comprei na H&M assim que chegaram bikinis à loja (a única altura em que se consegue comprar alguma coisa de swimwear nesta loja) e foi perfeito porque tinham numeração de soutiens. Ou seja, adequado para mulheres reais! O tamanho escolhido serviu na perfeição e gosto mesmo como me deixa o peito que até parece mais pequeno. Fora isso, eu que visto 38 de calças, na parte de baixo tive de comprar um 34. É assim, os tamanhos de roupa sempre a gozarem ca'gente.


Ora, se alguma das minhas leitoras avistar este vestido azul escuro da Massimo Dutti em tamanho 38, façam favor de gritar que eu gostei muito dele. Tenho as sandálias de cobra desde os saldos de inverno, adoro-as, mas são tão altas que não sei quando as usar. Sem sombra de dúvida são os sapatos mais altos que tenho. Não lhes resisti, dei voltas e voltas e acabei por comprar, mas não sei como vai correr esta relação, eu que sou cada vez mais de sapatos rasos.
Já os brincos rainha são uma paixão que tenho há muitos anos e que uso muitas vezes.

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8.7.13

Um casamento com 42ºC à sombra

Ando há semanas a remoer quando começar a postar modelitos com pouca paciência para uma chuva de comentários "és uma fútil" e afins. Como avisei, vou começar a deixar aqui recomendações e ideias de looks, não forçosamente com fotos minhas porque não tenho jeito nem figura para fazer de modelo, mas pode ser que outras pessoas tirem ideias. Ontem quando coloquei uma foto no facebook do blogue, choveram comentários com questões e achei que era boa ideia aproveitar como pontapé de saída. Quem não gostar, respeito, mas vamos deixar espaço para quem gosta destas coisas.

Regra nº 1 para casamentos, baptizados e outras festas em que querem ir mesmo bem: nunca, mas nunca se leva um vestido da estação. Ou seja, um vestido que nessa altura está nas lojas. Eu sei que pode ser tentador, sobretudo quando se gosta muito de um vestido, mas o melhor é comprar na mesma e deixar para uma ocasião futura.

Vestidos de casamentos e acessórios não me faltam, gosto de caprichar nestas alturas, e geralmente é onde as minhas amigas, mãe e tias vêm bater à porta para se embonecar. Em casa tenho de tudo, elas poupam dinheiro e vão giras na mesma. Eu que invista!

Começo a pensar no que vou vestir e como combinar no momento em que se anuncia uma festa. Gosto destas coisas. Por razões que não sei explicar, na altura parece que é um stress e tudo feito à pressa. É verdade, eu sei que pareço uma noiva a falar, mas se há coisa que não gosto é um ar trashy ou barato num casamento. Em suma, mau aspecto ou modelo desadequado, não. Para mim, um look com classe é imperativo. E sim, observo as indumentárias alheias. Geralmente gosto de poucas.

Dito isto, uma mulher vai a um casamento de vestido e ponto final. Não me venham com saias, calças, macacões, é deselegante e desadequado. Mulher, vai de vestido. E vai de vestido curto q.b. ou pelos joelhos. Os vestidos longos muitas vezes são lindos, mas este não é o país para os usar. Às vezes parecem irresistíveis, mas ou o dress code diz vestido longo, ou vai aparecer numa festa overdressed e provavelmente sentir-se mal.

Como dizia, escolher um vestido da própria estação é má escolha. A quantidade de vezes que já me deparei com mulheres de igual num casamento, é demais. Eu ia a casa a correr mudar de roupa. Nunca mais me esqueço de um casamento onde estavam, contadinhas por mim, SEIS mulheres com o mesmo vestido da Uterque que nem era nada de especial.

Quando vejo um vestido que gosto e, também, gosto de me ver, compro. A ocasião há-de aparecer no futuro e fora de época. Gostar de um vestido não chega, é preciso que seja adequado ao nosso tamanho e figura. Para quem não consegue concluir isso, recomendo tirar fotos no provador ou pedir opinião a pessoas que considerem ter a honestidade de dizer a verdade. As fotos não falham! Já comprei roupas que achei que estavam bem e, mais tarde em fotos, foram direitinhas para o saco de "roupas para dar". Não é uma questão de se ser magra ou gorda, há roupas que nem às magras ficam bem. Portanto, um vestido ser bonito não chega, é preciso ser adequado à figura.

Vamos ao meu look. Para ver melhor as fotos o melhor é clicar nelas.







1. Perdi-me de amores por este vestido ao vê-lo no site da French Connection (não existe em PT). Como ia em breve ao Dubai, pensei que trataria de o adquirir por lá e, quando lá cheguei, existia apenas em azul escuro e cor de tijolo. Experimentei, gostei, fiquei a saber o meu tamanho, mas eu queria mesmo era a versão cor-de-rosa. Desisti. Umas semanas mais tarde fui ao site voltar a namorar o vestido e estava a 50% de desconto! Pensei, "não é tarde nem é cedo". Fiz a compra com confiança (já sabia o meu tamanho), enviei para casa de uma amiga em Londres, umas semanas depois veio a PT e lá me trouxe o vestido. Lindo como esperava!

A French Connection é "dona" da malha deste vestido. Sou muito esquisita com tecidos, com a qualidade, e tecidos com ar barato não são mesmo para mim. Este vestido tem uma malha tipo seda (não é seda, mas parece), bastante justa, que tem um efeito priceless: é tipo cinta, mete as coisas no sítio. Mas não é desconfortável nem passa a vida a subir pelo corpo acima. Sim, essa cena de andar a puxar vestidos para baixo também é muito deselegante. Se um vestido não se mantém no sítio, não se compra.

A French Connection tem todos os anos modelos desta malha. Fui ao site e há um modelo dentro do género do meu para quem se quiser aventurar. Não vou mentir, o que é bom, paga-se. O vestido está em saldos a 92£ e o meu tamanho que é um 38 corresponde a um UK12. A etiqueta diz EU40, mas não vão em cantigas, é um perfeito 38. Por isso, quem for um 40 deve encomendar um UK14, quem for 36 deve encomendar UK10, quem for um 34 deve encomendar um UK08 e por aí fora.

Eis o modelo à venda neste momento, versão Intimate Pink, só muda o decote, a existência do fecho nas costas e as mangas. De resto é exactamente igual.

Embora não me agrade a ideia de ter o país com um vestido igual ao meu, tenho de reconhecer que é uma boa compra e confessar que recomendo mesmo. Vá, sou uma jóia de pessoa a revelar estas coisas.



2. Segundo filme, os sapatos! Eu tenho uma sandálias prata, tenho douradas, mas queria uma coisa nude. Procurei, procurei, é muito difícil encontrar sandálias com um salto de gente. Recuso-me a circular em andaimes, a parecer uma anormal de saltos que não aguento, cheia de dores nas costas, agarrada ao homem para poder andar na rua, isso não é vida para mim! Gosto de me sentir gira, mas não a todo o custo.

Encontrei na Massimo Dutti estas sandálias de pele, comprei em saldos a 60€, e são de um conforto espectacular. Boa compra! Sei que não há muitas, no site só restam em 41 versão prata, por isso quem calçar este tamanho pode ir a correr comprar a 50€ que vale a pena. Vi alguma coisa nas lojas, mas deve existir muito pouca coisa.

Admito que os saltos na foto pareçam muito baixos, mas não são. Para mim têm a medida perfeita, cinco dedos, não são andaimes nem saltos baixos de velha que também não gosto. Ficaram lindamente com o vestido e vão servir para usar em muitas outras ocasiões, o que também é importante. Comprar uma coisa que serve para usar uma vez, incomoda-me.


3. A clutch comprei-a na Zara o ano passado. Não precisava dela, mas pensei que por 12€ ia dar-me muito jeito em alguma altura. Tenho duas caixas com clutchs em casa de todas as cores, feitios e tamanhos. É claro que a família vai "abastecer-se" em época de festa e em jeito de brincadeira quando me ligam a pedir alguma coisa, atendo o telefone e oiço "estou sim, Maçã Boutiques?". Esta clutch tem um tamanho excelente onde couberam telemóveis, máquina fotográfica, maquilhagem e outras coisas. Clutchs onde cabe apenas um batom não são para mim. Já disse, não sou fashion victim e transporto coisas na mala.


4. Os acessórios também vou comprando à medida que gosto. No caso deste casamento, ninguém diria que as pulseiras de imitação de pérolas, com muito bom aspecto, me custaram 2,5€ na Primark e os brincos de cristal da Massimo Dutti (ano passado) cerca de 12€. Ou seja, é possível ficar bem sem gastar tanto quanto parece.

O problema desta vez foi o colar. Não tinha nada que fosse aquilo que pretendia, corri mil lojas à procura e já estava disposta a gastar uma fortuna. Não estava era à espera de encontrar exactamente o que queria na Primark, por 10€. E não ficou bem na mesma?



Os anéis têm uma história. Os primeiros na verdade não são três, são dois, um de cristais transparentes e outros azuis. Um dia desapareceu-me um dos anéis. Fiquei pior que estragada, corri todas as Swarovski do país, corri a internet, é um modelo que não se vende há muito. Uma vez cheguei ao aeroporto de Lisboa e estavam uns quantos à venda. Nem perdi tempo, comprei logo! E quando cheguei a casa o anel perdido apareceu. Não teve mal porque gosto de os misturar em três. Este modelo já não se vende, mas existe este igual, noutras cores.

O anel da outra mão é recente, existe à venda, foi presente do PAM no último Natal, o Nirvana Petite Ring. Sou uma grande fã da Swarovski. Podem ainda apreciar as mãos sapudas de quem se fotografa com 42ºC à sombra.




O leque foi uma grande compra e indispensável para um dia como este foi. Na igreja só se viam mulheres de abanico e cabelos esvoaçantes à espera que a cerimónia acabasse. Encontrei este leque enorme no El Corte Inglés, pérola, 5€.

5. Para o caso de alguém estar interessado na cor do verniz, é da Essie, o Bachelorette Bash. Compra-se no El Corte Inglés, cerca de 10€. Combino sempre mãos e pés, não gosto de ver cores "desirmanadas".


6. E depois o que faltava era tratar dos cabelos. Eu já sabia que queria um look 60´s, mas não sabia bem o que queria. Nas últimas semanas já tinha falado com a Mónica da Unique, ela disse que ia pesquisar looks e no dia que lá cheguei assim foi, já tinha uma ideia preparada para mim. E adorei o resultado!

Quando cheguei a casa para me vestir dei de caras com uma trança falsa que tenho há que tempos (a ver se me lembro onde comprei). Experimentei colocar no cabelo e ficou top! A Mónica só vai saber quando olhar aqui a foto. Se querem um look 60's, é esta rapariga que devem procurar. Domina mesmo! Já me fez looks 60's mais do que uma vez e ficou sempre bem. Além disso, não fico com o cabelo a desmanchar durante a noite, o que também é importante. Manteve-se sempre no sítio.



Maneiras que foi assim, um casamento a destilar, sem correr uma aragem, homens em sofrimento dentro dos fatos, sem ar condicionado, uma pessoa nem tinha vontade de comer, e eu que quero sempre provar de tudo, acabei por nem me atirar aos doces nem a coisa nenhuma. Mentira, atirei-me às garrafas de água. Até os queijos suavam.

A noiva ia linda, há muito tempo que não via um vestido que me fizesse pensar "eu casava neste modelo!". Quando entrou na igreja adivinhei "é um Rosa Clara!", via-se logo, e quando a cumprimentei pedi-lhe que guardasse o vestido e o véu, pois se um dia me casasse, aquele seria uma hipótese.

Fora isso, voltei a apanhar o ramo num casamento, o que já é tradição. Eu já me sinto mal pelas outras mulheres e fico assim apelidada de "terror dos casamentos". Quando me chamaram para ir ao lançamento o PAM reclamou que não valia a pena, "é melhor irem à vossa vida que ela vai apanhar o ramo!". Depois até apareceu na sala enquanto as mulheres se alinhavam para apanhar o ramo, perguntei o que estava ele a fazer e respondeu "vim ver-te a apanhar o ramo". E assim foi. Os amigos gozam e dizem que é o destino a forçar o matrimónio.

Adoro casamentos!


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1.7.13

Tailândia - Weekend Market

Com a manhã a nascer fomos de táxi até ao centro da cidade para onde, imagine-se, não tinha reserva de hotel. Tinha um descontos de 50% no valor da estadia que funcionou num hotel do grupo, mas para o hotel de Bangkok não conseguia fazer a reserva com desconto. Ora, desisti e pensei “tratamos quando chegarmos”. Eu sou muito poupadinha, não deixo que estas dificuldades cibernéticas se atravessem no meu caminho.

Não sei como descrever Bangkok. Não posso dizer que é uma cidade bonita, mas tem coisas fabulosas. Não posso dizer que é uma cidade atraente, mas exerce um enorme fascínio pela diferença cultural. Não posso dizer que é um sítio que sonhe em regressar, mas adorei ter lá estado. Bangkok foi uma experiência, literalmente, do outro mundo.

O Poisoned Apple Man já conhecia Bangkok, eu não sabia bem ao que ia, mas levava histórias no bolso, como a da Ana, que chegada à cidade observou ao longe pessoas a apanhar coisas do chão, mas sem perceber o quê. Era como se um grupo de pessoas apanhasse moedas do chão e as pusessem dentro de um saco. Mistérios resolvidos, afinal eram baratas. Para comer. Já estou arrepiada!

É verdade, vi por Bangkok coisas que nunca pensei ver numa grande cidade. Há uma coisa que eu posso dizer sem margem para erro: Bangkok é a cidade mais suja e mais porca que já visitei. É preciso ir com espírito!

Logo na primeira viagem de táxi do aeroporto para o hotel, olhei Bangkok com ares de Rio de Janeiro, com todos aqueles fios eléctricos emaranhados nos postes, tantos quantos torne impossível contá-los. Boas estradas, muitas passagens aéreas, viadutos, uma cidade cinzenta de betão e barracas que recebe cor das pessoas, das banquinhas de rua, dos dourados altares budistas ao virar de cada esquina, dos carrinhos que vendem todo o tipo de comida, dos táxis cor-de-rosa e dos tuk-tuks que aceleram imortais nas cores mais incríveis.

Fomos directos ao Hotel Amari Watergate, mesmo no centro de Bangkok. Além de ter os 50% de desconto cedidos por outra pessoa, tinha excelentes críticas e fotos que podem ver aqui . Dos amigos que conheciam a Tailândia, comentaram que este grupo de hotéis parecia ser bom e de confiança. Não é bom, é fabuloso! Recomendo! O valor é de cerca de 100€/noite, dependendo da antecedência com que se marca pode ser mais caro.

Chegados ao gigantesco hotel de manhã, lá expliquei que tinha o desconto, não conseguia fazer a reserva, blá, blá, e a explicação como um murro no estômago: não conseguia porque o desconto só é válido se o hotel tiver uma baixa taxa de ocupação. Como estavam em alta, era a pagar a 100%. Doeu-me na carteira, mas a localização, o hotel e o pequeno-almoço não podiam ser melhores.

Enquanto tratavam de nos limpar um quarto, fomos comer para o pequeno-almoço buffet onde bebi e voltei a beber, e bebi mais uma vez, sopa miso. O que eu gosto deste caldo! Todas as manhas sem falhar bebia sopa miso até não aguentar mais.

Recebido o quarto, fabuloso, saquei umas fotos da vista, confirmei que de certeza ia chover como ditava o Yahoo Weather, com calor e humidade à mistura. Tomei um banho e branca como cal fiz-me à estrada de calções da cor das minhas pernas. Pegámos num mapa cedido pelo hotel, com desenhos do que há para visitar e saímos para a rua.

Uma excelente forma de fazer parte da cidade é utilizar o metro de superfície, que não é de superfície, é aéreo. Muitas das infraestruturas de betão que vemos erguer-se do chão, não são viadutos, mas o metro de superfície, o SkyTrain. Além de ter ar condicionado (uma invenção que vão querer beijar nesta terra), não é um transporte que alguma vez tenha visto cheio como um ovo, pois os bilhetes são caros para o comum tailandês. As viagens dependem do destino e ponto de partida, compram-se em máquinas que têm explicação em várias línguas, e paga-se cerca de 70 cêntimos por cada deslocação.

Com a estação do SkyTrain a 10 minutos a pé do hotel e uma vez que era Domingo, fomos directos para o Weekend Market, um mercado de fim-de-semana, como o nome indica, sendo que aquele era o único dia de fim-de-semana que íamos estar na cidade de Bangkok. Estávamos na rua a caminho do metro aéreo quando começou a cair a carga de água. E choveu, choveu, choveu , que azar desgraçado! Não é que estivesse frio, mas era desagradável. Estava de sandálias, as ruas todas molhadas, eu com os pés pretos da sujidade das ruas, a pele que parecia colar com a humidade, os cabelos com aspecto de choque eléctrico, enfim, não é agradável, mas também não foi motivo para regressar ao hotel. Ficámos debaixo de uns toldos à espera que a coisa amainasse, perdemos tempo, observámos a técnica dos vendedores ambulantes para proteger a mercadoria da chuva, plásticos desdobrados, uma aberta no céu e seguimos caminho.

Uma vez no SKyTrain, comprámos bilhete para sair na estação de Mo Chit, a estação do Weeken Market. Ao chegar foi só seguir a manada, não tem nada que enganar. De qualquer forma, existem indicações para o mercado.

Vou já avisando, aquilo tem zonas que parece noite de Santos Populares, lotadas, mas também tem zonas com mais espaço. Não ir a este mercado em Bangkok não faz sentido nenhum, pelo que se for viajar certifique-se que reserva um Sábado ou Domingo para esta visita.

Eu sabia que ia encontrar um grande mercado, mas não estava preparada para um mercado daquele tamanho. Ali, há de tudo, de comida a animais, de roupa a móveis, de arte a alguidares, de peles a piaçabas, e até massagens. Não há nada que não se encontre por ali, até falsificação de documentos.

Existem mapas do mercado que ao olhar parece uma coisa indescritível. Devem criar um sistema de andar pelas ruas ou vão andar em círculos. É labiríntico, pelo que é provável de acontecer perder o norte. Estive cerca de cinco horas neste mercado e não vi tudo. Outra coisa é que, além de o mercado estar dividido por zonas, muitas lojas têm as mesmas coisas. Por isso, se for cheio de tempo e paciência, quando gostar de alguma coisa, negoceie. Se achar que o preço não é justo, anote a rua e o número da loja para voltar mais tarde.

Além disso, existem lojas para não ter de carregar as coisas e enviá-las logo de avião para casa, quase uma estação de CTT num mercado com telhado de lona. Ali pode ler as exclusões, países para onde não enviam mercadoria, sendo um deles Portugal. Agradeçam a alfândega que temos, um inferno na terra, uma chulice sem nome, de eficácia tal que eles, um país com hábitos terceiro mundistas, não se querem responsabilizar. Para quem tem muita vontade e tiver família noutros países da Europa, como eu, dá para enviar para lá e depois pedir-lhes que carreguem até Portugal ou pedir que enviem por correio, aí sem dilemas de alfândega.

No meu caso não usei este serviço com muita pena minha, tivesse eu uma carteira sem fundo e ter-me-ia perdido com os quadros que vi. Eu e o PAM estávamos malucos com os pintores, mesmo, mesmo muito bons. Era menina para lá voltar só para comprar peças na zona de arte.

Mesmo que não goste de compras, mesmo que não tenha dinheiro para gastar, o Weekend Market é um sítio que vale mesmo a pena ir. Ali aprende-se tanto da cultura asiática só de olhar!

No mercado, as coisas não têm propriamente preço indicado, embora algumas coisas possam ter. Achei alguns preços realmente baratos e alguns exorbitantes, preços atirados ao ar por não termos como mentir que somos turistas. Muitas vezes os sacanas até perguntam de onde somos antes de dar o preço, para ali fazerem umas contas rápidas e dar um valor inflacionado. Houve um que, na dúvida, antes de dizer o preço teve o descaramento de perguntar se em Portugal moeda era o Euro.

O Weekend Market é para ir cedo e é um sítio para ali perder um dia inteiro à vontade. É um sítio que ao fim do dia nos deixa as costas empedradas de tanto andar. Penitenciei-me por não ter levado os meus ténis na bagagem e percebi que me iam fazer falta durante a viagem. Sandálias rasas parece confortável, mas não quando de fazem quilómetros. E levem dinheiro, que neste mercado é raro encontrar onde se possa pagar com cartão.

No Weekend Market, em Bangkok, o conceito de "caos organizado" ganha uma nova vida.

(continua)














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© A Maçã de Eva

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