12.6.17

Como foi o meu 1º trimestre de gravidez? O melhor e o pior


Nota: as gravidezes não são todas iguais (longe disso!), pelo que a minha impressão sobre o primeiro trimestre é pessoal. Umas mulheres identificar-se-ão, outras nem pensar. E quem não se identificar não deve estranhar ou pensar que há algo de errado. Em caso de dúvida deve consultar-se o médico assistente e não a grávida ao lado.

O meu primeiro trimestre de gravidez coincidiu com o verão. Acredito que seja muito diferente atravessar cada um dos trimestres com frio ou calor e até já ouvi mulheres que se recusam a voltar a ter filhos a meio do verão. Grávida sofre!

Para mim, a primeira alteração denunciadora de gravidez foram as maminhas. Eram umas dores, parecia que me estavam a pressionar nódoas negras só para me virar na cama. Em jeito de brincadeira costumava dizer: “parecem vidros!”. Além disso, estavam inchadas, a querer fugir do soutien. Foram as maminhas que me deram a certeza que estava grávida (ainda antes do teste), até porque não costumo sofrer de tensão mamária, muito menos com aquela violência. Este foi o primeiro “pior” da gravidez, não sendo nada de bom, também não foi nada que me deixasse em profundo sofrimento, serve apenas para categorizar “melhor e pior”.

Seguiram-se os enjoos. Ah, os enjoos! Estávamos em Junho quando fiz o teste de gravidez. Há quem fique enjoada e vomite por nove meses, eu só enjoei por três meses, mas curiosamente nunca vomitei. Na verdade, acho que preferia ter vomitado porque assim a agonia passava, mas nunca aconteceu. E no fundo, muitas vezes não percebi se estava enjoada fruto da gravidez ou do calor. Acreditem, foi um verão generoso em termos de temperaturas e uma vez estive em Lyon em trabalho onde estavam 42ºC (literalmente) e, aí sim, foi um sofrimento horrível, eu só queria voltar para casa ou ficar deitada a olhar para o tecto debaixo de uma ventoinha em jeito de “deixem-me morrer aqui sozinha, esqueçam-me”.

A gravidez também me brindou com uma sonolência descomunal. Eu chegava a fechar os olhos nos semáforos só para aliviar as pálpebras. Como queria guardar segredo da gravidez, cheguei a mentir dizendo que ia estar umas horas em reunião para o caso de algumas pessoas me tentarem contactar. E ia directa para a cama dormir sestas de três horas! Sim, cheguei a dormir ferrada sestas intermináveis. E se alguns dias tive medo de estar a trocar horários ao sono ou a alimentar dificuldades em adormecer na hora de efectivamente dormir, não precisava dessa preocupação. À noite adormecia num tiro e dormia ferrada até ao dia seguinte. Achei inacreditável como o corpo me pedia que parasse para descansar, ele precisava de energias para fazer outros trabalhos. Ouvir e corpo e obedecer-lhe é do melhor que temos a fazer (sempre que exista oportunidade) e procurei sempre fazer por isso.

Com o cansaço e o sono, o cérebro tende a desaparecer algures para a estratosfera. Fiquei totó, com dificuldades para os raciocínios mais básicos e com uma enorme queda para disparates que nunca tinha feito antes, como tirar pratos na máquina de lavar para os colocar no frigorífico em vez de arrumar no armário ou, pior, deixar a mala (com dinheiro, cartões, telemóvel e tudo e tudo) em cima da bancada de uma loja, sair, entrar no carro e só aí dar por falta da mala. Deixei de me reconhecer, parecia que o cérebro tinha parado e não me acompanhava. Felizmente este estado durou pouco tempo.

É incrível como a gravidez pode ser transformadora nos cheiros e apetites. Cogumelos que comia quase todos os dias ao pequeno-almoço? Ah, o nojo que o cheiro me dava! Doces e chocolates? Blargh! Comida quente? Por favor não me torturem! Mas o meu espírito era antes enjoar de tudo do que ter vontade de comer metade do mundo. E desejei que isso durasse os 9 meses, só que não aconteceu, com muita pena minha. A minha médica obstetra chegou a passar-me receita de um medicamento para os enjoos, mas avisou-me de um efeito secundário: sonolência. E eu tinha de trabalhar, não podia passar a vida a dormir. Além disso, comecei a fazer contas de cabeça e tive medo que o medicamento me tirasse os enjoos para me abrir o apetite, pelo que nunca o comprei e preferi os enjoos, que também não me iriam matar. Com esta quase-estratégia, não registei qualquer aumento de peso e na verdade emagreci durante o primeiro trimestre. Mas eu costumo perder o apetite em meses de muito calor, pelo que não se registou em mim nada fora do habitual.

Pode parecer um cenário dantesco passar por estes sintomas, mas nunca os encarei como uma fatalidade. Não sei explicar, é algo que sabia que fazia parte e por isso aceitei com muita tranquilidade. E sentia-me feliz e optimista, o que é importante para aceitar todo o lado mau da gravidez.

Além de ficar eufórica ao saber que estava grávida de uma rapariga, eu estava constantemente bem-disposta, simpática, de bem com a vida e querida com os outros. Eu era daquelas pessoas que ia sozinha no carro e sorria para o mundo. Hormonas, não existe outra explicação. Há quem lhe dê para chorar e descontrolar as emoções, a mim deu-me para abraçar o mundo e gostar de toda a gente, ter vontade de acordar e encarar o dia, toda eu era boa disposição e felicidade.

Nunca quis ter barrigas grandes, não gosto e fui correspondida, foi um lado muito bom para mim. Ao longo do primeiro trimestre não tive sombra de barriga, pelo que andei na praia de bikini com a família e pude esconder a novidade enquanto quis, fazendo a minha vida igual. Pude ir ao ginásio, tudo com uma gravidez muito saudável que até me permitiu viajar. O lado mais triste dos planos de viagem que tinha durante a gravidez é que se tornaram impossíveis para destinos tropicais por causa do zika, o que me obrigou a cancelar dois destinos. Foi frustrante, mas jamais estaria em paz sabendo da presença de mosquitos infectados. Olhando para trás, se eu pensar bem, as limitações de viagem foi um dos factores que mais me incomodou durante a gravidez, mais do que os enjoos ou qualquer dor que possa ter tido. Mas a seu tempo retomarei velhos hábitos!

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© A Maçã de Eva

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