27.9.16

Saber o sexo antes das ecografias - parte III


Saber o sexo antes das ecografias - parte I, aqui
Saber o sexo antes das ecografias - parte II, aqui


E depois de ter contado como foi para mim fazer o teste de sangue para descobrir o sexo do bebé e como foi contar ao homem (links acima), chegamos agora à parte dos outros. Temo que vá ter leitoras a cortar relações comigo, mas vamos à verdade, nua e crua:

Não existe, mesmo, maneira de descobrir o sexo sem ser por análise de sangue (mesmo assim sujeita a uma taxa de erro) ou através de ecografia (que convém que seja num avançado estado de gestação e mesmo assim sujeita a uma taxa de enganos).

Percebi, cedo, que os portugueses (portuguesas, vá!) têm uma enorme necessidade de adivinhar o sexo de um bebé que está barriga. É uma coisa que me causa imensa estranheza. Se é evidente que eu pergunto o clássico "é rapaz ou rapariga?", o que acho normal e já me perguntaram muitas vezes, quando não há resposta para dar as pessoas têm de adivinhar. É uma necessidade, uma força maior que se apodera delas, invade-nos um olho clínico e talento sobrenatural, é coisa que vê para lá da barriga.

E o pior é que isto de adivinhar é uma coisa com uma taxa de sucesso de 50%, temos uma coisa ou outra, o que significa alta probabilidade de acertar e, com isso, ninguém põe fim a estes "eu só de olhar vejo logo o que é!".

Lamento a desilusão. Não existe, mesmo, maneira de descobrir o sexo sem ser por meios médicos. Não há palpites que valham, o que existe é uma alta probabilidade de acertar. Perdoem a minha visão prática da coisa se vos desiludo.

Vamos a mitos:

O calendário chinês (alguém havia de poupar o mundo a essa ignorância) funciona tão bem como as pessoas que "adivinham" o sexo (probabilidades de 50%). A relação entre o mês que engravida e a idade da mãe é mesmo coisa para definir o sexo de um bebé? Não façam isso às pessoas, a sério. Além disso, parece que há tabelas para todo o gosto. E não digam "para mim bateu certo", não há nada naquela tabela que tenha evidência científica, é uma coisa ou outra, logo, alta probabilidade de ser uma delas.

O jogo da linha e da agulha ou do cabelo na aliança, sim, já todas fizemos isso com as amigas e são uns minutos de diversão. Mas aquilo é um jogo, altamente sugestivo e eu não vou ter quatro filhos, esqueçam isso. Além disso, sempre aprendi que quando andava à volta era "sinal" de rapariga, mas diz que afinal é "sinal" é de rapaz. No fundo é para todos os gostos, mas o que é mesmo de certeza é uma brincadeira.

Olhar para a barriga com super poderes. Perdoem se vos parto o coração: não há, mesmo, nenhum formato que defina se uma barriga é de rapaz ou rapariga. Mas mesmo! Eu sei, era uma ajuda enorme da Mãe Natureza, íamos todas gostar, mas não é verdade. Há barrigas para todos os formatos e não correspondem a nenhum sexo em particular. O mesmo acontece com barrigas altas ou baixas. Durante a gestação a barriga sobe e desce, esqueçam isso.

Analisar os enjoos. Sempre ouvi dizer que se não dá enjoos é rapaz e se dá enjoos é uma rapariga, mas isto é tudo um mito, OK? Não faltarão mulheres grávidas quer de rapazes, quer de raparigas, disponíveis para afirmar se tiveram ou não tiveram enjoos. Esqueçam isso.

Os doces e os salgados. Dizem que se a grávida tem desejos de doces é rapariga e se tiver desejos de salgados é rapaz. Mais um mito que significa que eu vou ter um hermafrodita, pois passei dos salgados no primeiro trimestre (nem podia ver doces e o chocolate enjoava-me) para passar a querer doces.

Os mitos também têm a dar opinião sobre o estado da pele do rosto da grávida: se tem a pele bonita é rapaz, se está com a pele em obras será uma rapariga, pois supostamente as raparigas "sugam a beleza da mãe". Com certeza haverá muita grávida capaz de afirmar se tiveram ou não a cara em obras durante gestações de rapaz ou rapariga. Estou em crer que isso tem a ver com a tendência para o acne com tantas alterações hormonais. Eu nunca tive problemas nem na adolescência, se calhar muitas das grávidas tiveram no passado e voltaram a ter enquanto grávidas.

Há uma história maravilhosa de "adivinhar o sexo do bebé" que aconteceu com uma amiga minha há uns bons anos.

Amiga, mulher bem sucedida, muito trabalhadora até ao fim da gravidez, barriga de 3º trimestre, apresenta-se para dirigir uma reunião na empresa onde trabalha, numa daquelas salas de reuniões sérias, com mesas grandes, onde estavam reunidos trabalhadores e fornecedores ou clientes, não sei bem.

Um homem, de fora da empresa (fornecedor ou cliente, não sei) mete conversa com a minha amiga:

- Então está grávida?
- Pois é! - diz toda contente.
- E já sabe se é rapaz ou rapariga? É que eu adivinho sempre!
- Adivinha? Então diga lá!
- Aposto que é uma rapariga.
- Isso mesmo, é uma rapariga! Como é que sabe? - pergunta cheia de curiosidade.
- É que quando são raparigas as mulheres ficam mais feias.

Não é uma história maravilhosa?

Mitos à parte, existem meios médicos com alta probabilidade de sabe o sexo de um bebé, mas 100% certeza só quando o bebé nasce. Tudo o resto são mitos e probabilidades de 50% em acertar que, convenhamos, se o EuroMilhões fosse assim, até eu jogava.

Ainda me lembro de um amigo, médico cirurgião, que ia ter um rapaz. Ah, o homem feliz da vida, um rapaz em todas as ecografias. No dia do parto, assim que o bebé sai, até fica a bater mal com o colega de hospital a dizer "e aqui temos uma linda rapariga!". E resto desta história foi todo um outro filme.


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© A Maçã de Eva

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