Foi tão bom, tão bom, mas tantos meses à espera para um casamento se passar no tempo de um fósforo. Esta é a parte mais chata dos casamentos em que apetece pedir: "outra vez! Outra vez!".
Nunca mais me esqueço como foi o anúncio do casamento deste meu primo. Estava no provador de uma ZARA, nua, o telefone começou a tocar e atender não me dava jeito nenhum. Mas eu sabia que alguma coisa ele queria. Deixei-me de indecisões e atendi. Do outro lado, nem um "olá", foi mesmo uma música: tam-tam-tam-tam... Era a marcha nupcial, nem foi preciso mais explicações, que emoção!
Assim que saí do provador da loja já estava a passar informação a outros membros da família e a pensar no que vestir. Sou assim, multitasking. Eu não sou de me deixar apanhar em falso nestas questões de indumentária. Procurei, procurei durante alguns meses. Apenas sabia que queria uma coisa vintage, muito ao estilo The Great Gatsby. E encontrei o que queria!
Andava a passear no site da ASOS e identifiquei imediatamente este vestido. Já o tinha visto num casamento no ano passado, mas era beige. Não fazia ideia de onde era, mas como a rapariga na altura calçava uns Louboutin, achei que nem valia a pena perguntar. Se o vestido em beige era giro, quando o vi neste tom, perdi-me de amores. Honestamente não acho que as fotos lhe façam justiça. Se nunca o tivesse visto vestido em alguém, provavelmente não o compraria, mas eu sabia que era fantástico, encomendei-o algures em Janeiro e uma vez chegado no correio esteve perfeitamente à altura das expectativas.
Já algumas leitoras me perguntaram onde o podiam comprar, eu já dei a volta ao site da ASOS, mas este vestido já na altura desapareceu num instante, tive sorte. Estava com medo de não ter acertado no tamanho e não ter possibilidade de troca, no dia a seguir à minha compra já só restavam tamanhos para anorécticas, mas agora nem isso. Rien, não há nada. Para o caso de voltar a aparecer, na altura o vestido custou cerca de 115€.
Críticas houve em relação à cintura do vestido. Eu aceito perfeitamente a possibilidade de haver quem não goste, mas compreendam que às vezes as fotografias não facilitam para compreender pormenores. Este é um vestido curto, com lantejoulas bordadas à mão, sem costas, corte anos 20, cintura descaída, apenas justo na anca, o decote atrás descola das costas com o andar deixando ver parte da cintura. Ora, com toda esta «informação», este vestido jamais poderia ter decote à frente ou ser justo na cintura (minha opinião) correndo o risco de parecer outra coisa que não uma convidada. Para ser também justo na cintura, ora então até podiam acrescentar-lhe plumas, penas, laços, folhos e tudo o que uma mulher quisesse, era tudo mau de qualquer forma.
Quando me visto penso sempre na lei da compensação: se é justo em baixo, tem de ser solto em cima; se mostra as pernas não pode ter decote no peito; se mostras as costas não pode ser revelador à frente, etc. Não dá para mostrar tudo, fica reles, ordinário e sobretudo, deselegante.
Adoro o meu vestido, espero voltar a usar muitas vezes, acho que tem um corte irrepreensível, daqueles que fica bem a quase toda a gente. Se tivesse amigas a vestir o meu tamanho, tenho a certeza que tirariam partido dele. Não tendo, fica no armário à espera de novas ocasiões.
Algumas leitoras perguntaram que tipo de soutien estava a usar. Não estava a usar nenhum soutien, pelo que definitivamente este é daqueles vestidos que só vale a pena comprar quem se sente confortável sem uso de para-quedas. Mas nestas coisas de falta de soutien há uma coisa que não suporto: os pitons, quem é como quem diz, os mamilos espetados a olhar para a lua em jeito de "estou perto de te vazar uma vista".
É daquelas coisas que não falha, se vem corrente de ar, se está fresco, ali vai ficar empinados, marcados no tecido e podem ter a certeza que não há vivalma que não repare. Além disso, existe ainda a questão dos flashes das máquinas fotográficas. Quantas pessoas vestidas apareceram nuas por baixo de um flash de fotografia? Nada como prevenir e recomendo muito o uso de tapa-mamilos. Na verdade não sei como isto se chama, o nome fui eu que lho dei. Já se vê em algumas lojas uns tapa-mamilos de tecido, descartáveis, são bons para deitar no lixo. Bons são estes de silicone, fazem uma camada fina sobre o mamilo tipo segunda pele (lá por ser de silicone não aumenta o peito, deixem-se de pensamentos), não se nota, não faz comichão, não faz suar, nem nos lembramos deles. Comprei há uma década numa loja chinesa por 2€, achei que ia me ia sentir com sarna, mas verdade seja dita, são os melhores que alguma vez comprei, nem me lembro que os coloquei. Se existem ocasiões em que por vezes não usam soutien, esta é uma compra que vale mesmo a pena.
Para acessórios escolhi uma pulseira de brilhantes que já tenho há muitos anos. É daqueles clássicos que nunca falha, não tem nada de especial, são duas filas de brilhantes de tamanho médio, fica sempre bem. Comprei na Accessorize, já muitas vezes passei por lá para ver se voltaram a produzir alguma coisa do género e poder recomendar aqui no blogue, mas nunca voltei a ver semelhante. Fica a missão, se algum dia encontrar, eu aviso.
Como o vestido tem lantejoulas e brilho que chegue, não levei nenhum colar, coloquei apenas um anel discreto junto com a aliança, o meu relógio do costume, ainda pensei levar um outro anel que aparece nesta imagem, mas desisti, achei que ficava demais, e tive uma pequena indecisão nos brincos. Como não tinha colar, ganharam os da esquerda por serem um bocadinho mais compridos.
As unhas, muitas perguntas recebi acerca da cor do verniz. O verniz é da Risqué, chama-se "Amarração de Amor", comprei no Brasil, nunca vi por cá. Por cima, claro, o imperdível top coat da MAC.
Para clutch usei uma que já comprei há que tempos na ZARA e que já usei aqui antes. Ao contrário de algumas afirmações, ela não é de lantejoulas. Tem umas peças ovais, tipo escamas de peixe e que são transparente acinzentado/azulado, um tom bem neutro. O que lhe dá a cor são os reflexos de luz. Tinha uma outra clutch de lantejoulas prateadas, tal como as do vestido, foi a primeira em que pensei, mas depois quando juntei ao vestido achei muito mortiço e esta era a que ficava mais gira.
As sandálias comprei nos EUA.
E foi assim, um casamento dos sítios mais giros que já vi para este tipo de festas, o Paço Real de Belas, decorado de uma forma para lá de elegante, numa tenda transparente fabulosa, com uns centros de mesa fantásticos, luz no ponto, comida boa, tudo bom, mesmo, mesmo, mesmo bom. Em termos de decoração não houve nada que me levasse a pensar "disto não gosto", o que é tão estranho acontecer. E um casamento elegante é outra coisa!
Nota: solicita-se ao primo Banana de Madeira que divulgue as fotos do evento que mantém encarceradas na máquina fotográfica. Não havia necessidade de passar por esta vergonha pública.