21.11.12

Dubai I

Aaaai, o que eu gostei do Dubai! Há tanto para dizer que nem sei por onde começar, pelo que o melhor é ir seguindo a ordem dos dias.

Apesar de ter adorado aquela terra, na verdade foi uma ideia que surgiu de uma eventual hipótese de um dia fazer as malas para lá. Uma coisa falada muito por alto e sem quaisquer consequências. Depois de uns amigos terem passado por lá, coloquei uma série de questões e, já que eu e o Poisoned Apple Man tínhamos uns dias de férias para gastar, pensei que talvez fosse boa ideia para destino. Mas quando tratei de procurar hotéis comecei a mudar de ideias. Os hotéis no Dubai são caríssimos!

Nunca me preocupei muito com os hotéis, preciso apenas de cama lavada e WC em condições, para mim são apenas para dormir. Nunca optei por luxos, opto sempre por uma boa relação qualidade/preço/localização. Já paguei 40$USA para dormir em hotéis nos EUA, mas quando fui ver hotéis, ficar num simples IBIS eram 100€/noite, o que para dez dias não era um valor simpático a somar. E foi quando um antigo colega do PAM soube que gostávamos de ir ao Dubai e simpaticamente abriu as portas de casa dele. Aceitámos o convite!

Comecei a estudar a terra e percebi que há muito mais para fazer do que poderia ter imaginado. Na verdade, percebi que ignorava completamente a vida e energia que tinha esta cidade. Pesquisei toda a informação que consegui na internet, não encontrei guias para este destino, mas o grupo de portugueses conhecidos por lá era grande e não haveria de nos faltar informação.

Nunca tinha voado na Emirates. Achei uma companhia com serviço normal, à excepção de uma ou outra hospedeira achei-as bastante carrancudas. Quem me conhece sabe que a parte do avião é o que mais me custa nas viagens. Morro de tédio, sinto-me sem nada para fazer e tenho a sensação que os minutos andam para trás. Fico sempre na esperança de hibernar ou, pelo menos, de encontrar bons filmes que me distraiam e façam o tempo voar. Não é uma companhia que deixe os passageiros a morrer à fome. Na classe económica tive direito a duas refeições: a um jantar bem preenchido com um borrego picante que de cada vez que me lembro ainda me vêm as lágrimas aos olhos e, mais tarde, uma espécie de ceia também generosa. Não comi nada que me ficasse na memória (à excepção do picante, meu Deus!), deixei algumas coisas esquisitas de parte, mas não morri à fome.

O voo da Emirates para o Dubai sai de Lisboa às 18h e chega ao destino cerca de sete horas e meia depois. Deu-me um fanico quando percebi que ia chegar à 01h30 de cá, mas… às 05h30 de lá! A diferença horária para esta altura do ano são de mais quatro horas, o que parece que é pouco, mas quando se vai “experimentar” é mais difícil do que se imaginava. Ou seja, eu cheguei ao Dubai quando devia estar a dormir, mas sem ainda ter dormido uma noite normal e com o dia a começar! É estranho.

Aterrámos no Dubai e eu não estava a acreditar no tamanho do aeroporto. É o maior aeroporto que já vi na vida, cheio de colunas prateadas ao estilo império romano, enormes, para lá de altas, junto aos serviços de entrada no país. À hora que chegámos, havia alguma gente nas filas para mostrar o passaporte, esperámos cerca de 40 minutos para passar, conte com isso! A seguir levantámos as malas, o que depois da experiência que tive numa viagem inteira sem malas me provoca alguma angústia, mas correu tudo bem e lá estava a minha menina verde alface pronta para ser recolhida.





À saída do aeroporto (parece um casino com luzes do lado de fora!), cerca de uma hora depois de aterrarmos, lá estava o Richard, impecável, que acordou com as galinhas para tratar do transporte dos portugueses. Assim que entrei no parque de estacionamento, levei um bafo de ar quente, qual secador em altas temperaturas e pensei que ia morrer de jeans e botas. O casaco já lá ia há muito, estava de manga curta. Saímos para a estrada e o tempo estava mais fresco que no parque de estacionamento. Não sei explicar, mas todos os parques de estacionamento têm um bafo que pode levar as pessoas a pensar que na rua também está aquele calor.

Novembro foi uma excelente altura para ir ao Dubai. Apanhámos uma média de 23/33ºC. Durante o dia estava bom sem assar e as noites estavam maravilhosas. Para quem pensa que o Dubai é um «inferno» o ano inteiro, desengane-se. Há alturas que pedem um casaquinho!


A partir de Dezembro, à noite, já está mais fresco e Janeiro e Fevereiro não são meses que convidem à praia. Por outro lado, o pico do verão deles, de Junho a Setembro, talvez seja de evitar para passear na rua à hora de almoço.

Segundo me explicaram, o verão tem meses de muito calor (calor extremo que chegou aos 50ºC), mas vive-se bem. As insfraestruturas, os carros, as casas, estão perfeitamente preparadas para aguentar este calor. À praia vai-se mais ao fim da tarde do que com o sol a pique e as esplanadas fecham. Enquanto por cá há sítios que fecham no inverno, no Dubai fecham no verão.

As piscinas são refrigeradas porque o mar não é bom para refrescar. Nesta altura apanhei a água do mar (que é de um azul espectacular) pelos 30ºC. É bom, é aquela temperatura que dá para entrar e mergulhar sem grandes adaptações, ficamos bem dentro de água à conversa, mas não é a água mais quente que já experimentei. Em Agosto parece que a água do mar bate nos 38/40ºC, o que é mesmo água do banho e me deixa cheia de curiosidade. Nunca experimentei! Os locais queixam-se que é quente demais, mas também se queixavam que a água agora estava fria e eu tinha era vontade de os convidar a dar mergulhos na Costa da Caparica para verem o que é bom. A sério, se Portugal não tivesse uma água do mar tão fria, acho que o turismo duplicava! Por isso é que vai tudo para o Algarve.

Uma sensação estranha, pelo menos para esta altura do ano, é que o dia acaba muito cedo. As 16h30 equivalem às 19h do nosso verão. O sol começa a ficar fraquinho, a luz mais alaranjada e se estiver vento, é desagradável estar na praia, a não ser que seja um vento quente. Para ir à praia preferi ir sempre de manhã, a temperatura estava ideal e nunca senti o sol a torrar-me como já todos sentimos. Estar ao sol era uma sensação boa, não era insuportável, e não precisei de protectores solares com factor muito alto como pensava. Levei um 50 a medo, mas usei 15 e 20 sem problemas e nenhum dos dois apanhou escaldões. Um bronzeado saudável, mas isto em Novembro, no resto do ano não será sempre assim.

Adiante! No caminho do aeroporto para casa, uma pessoa fica logo impressionada com o tamanho das estradas, a 1ª circular tem 6 faixas para cada lado, só se vêem bons carros, enormes ou futuristas, imenso terreno areado junto às estradas, mil colunas eléctricas, um milhão de viadutos e ali é sempre a andar. São poucos os semáforos e circula-se lindamente nas estradas.




Entrámos no aldeamento onde vivem os nossos amigos que tem casinhas e casinhas, rodeadas de verde, de bicicletas de criança, de entradas floridas, achei que tinha tudo a ver com Wisteria Lane, o bairro onde viviam as Desperate Housewives, embora ali com as casas praticamente iguais umas às outras.

Entrámos em casa abrindo a maçaneta. Da mesma forma que abre a porta para entrar numa sala, assim se abre a porta de casa por ali. O Dubai deve ser dos sítios mais seguros do mundo como vim a comprovar em qualquer rua.



Conversa puxa conversa, abrimos a mala para oferecer o que que chamámos de “Kit emigra com selo de Passos Coelho”, que incluía pastéis de Belém, queijo de Seia amanteigado, paio do lombo, tremoços e uns chocolates para as crianças. Ali ficámos durante horas num mega-pequeno-almoço em animado paleio, comigo já a desesperar com as botas e por um banho, com o PAM que mal tinha dormido no voo (ao contrário de mim) a fechar os olhos. Afinal, para nós eram já 05h da manhã sem dormir como deve ser.

Rumámos ao quarto que nos foi destinado para arrumar malas e dormir umas horitas e depois seguir para começar a conhecer o Dubai.

(continua)
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© A Maçã de Eva

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