26.11.12

Dubai II

Até já!
Voltei do Dubai
Dubai I

Chegados ao quarto, tínhamos pela frente uma vista extraordinária do centro da cidade. Preparávamo-nos para dormir apenas duas horas, eu achava que nem meia-hora ia conseguir dormir de tão desperta que estava (efeitos do excitamento no Dubai!), mas foi apenas ligar o ar condicionado, deitar e em pouco tempo já seguia por outros planetas. Dormir naquela terra, só de ar condicionado.

Ao dormir mais do que queríamos, levantámo-nos de rompante, tomámos banho e aparecemos com cara de sono na sala. Para nos era Sábado, mas para eles era Domingo, pois os fins-de-semana deles são Sextas e Sábados e o dia da semana começa ao Domingo. Estranhíssimo!

Eram já 14h30, hora de almoço, sem ideias, e fomos todos almoçar ao Shakespeare, um sítio meio café, meio pastelaria, com bolos lindos, lindos, e com menú de almoço e jantar. O que não faltava por lá eram pessoas no lado exterior a fumar narguilé de todos os sabores, eles ou elas, é um hábito muito comum no Dubai. O preço que mais vi por lá era o equivalente a cerca de 10/12€ para fumar, mas desconheço durante quanto tempo, nunca cheguei a fumar shisha, apesar de gostar.

A decoração do espaço é completamente british, cadeiras forradas com tecidos de flores, todas diferentes, um género «casa de bonecas», um regalo para os olhos.

Logo ali aprendi uma coisa dos restaurantes e cafés do Dubai: todos eles têm a sua versão de mint lemonade, que é uma bebida fabulosa. À parte de algumas variedades demasiado doces para o meu gosto, não houve nenhuma que pudesse dizer que não me sabia bem.

Mint lemonade não é mais do que limonada a sério com hortelã, ora folhas picadas, ora batidas, ora com folha inteira, há de tudo! O primeiro impacto foi: isto sabe a mojitos! Ai mãe, o que me foram dar a provar...



O Shakespeare é mesmo ao lado do Dubai Mall, em frente ao edifício mais alto do mundo, o Burj Khalifa e de uma série de souks onde passeámos. Como disse, a noite aparece muito cedo nesta altura do ano, às 18h já é noite cerrada, por isso neste dia o dia não rendeu muito. Depois do almoço demos uma voltas pelo local, a filha de quatro anos dos nossos amigos caiu e bateu com a testa numas escadas e aí se foi a tarde toda com cuidados. Nem pensar que íamos seguir a nossa vida, e ficámos com eles pela zona, sempre a tentar perceber se era preciso ir para o hospital. Caiu a noite e fomos ver o espectáculo de água, imperdível, mesmo em frente ao centro comercial.

Este espectáculo de água e luzes é em muito semelhante ao que existe em Las Vegas. A cada meia-hora, a partir das 18h e até às 23h, um mar de gente prepara-se para assistir aos espectáculos com coreografias diferentes, músicas diferentes, algo muito giro de ver e a não perder. Fica aqui um vídeo do espectáculo que encontrei no YouTube. O vídeo parece um bocadinho redutor para a dimensão do que vi, mas terá sido da localização de quem fez o filme.

Para ver este espectáculo não se paga qualquer bilhete, é grátis. A fonte tem 275 metros de comprimento e, como era de esperar, foi desenhada pela mesma equipa que desenhou a fonte de Las Vegas, que fica em frente ao Bellagio Hotel.





O Dubai Mall tem tudo! Acho que não lhe falta nada. Não sei se o Colombo ainda detém o título de maior centro comercial da Península Ibérica, com 300 lojas, mas o Dubai Mall é uma coisa que está para além da imaginação, com 1.200 lojas. Das duas vezes que lá estive, nunca consegui dar a volta ao espaço. Eu estava feliz da vida com as lojas que costumo visitar nos EUA e em Londres, todas reunidaos no mesmo espaço, algumas que nunca tinha visto, pronta para o dia em que pudesse fazer compras, mas esse dia nunca chegou, para minha infelicidade.




O Poisoned Apple Man é alérgico a lojas, fica insuportável de aturar e não deixa uma pessoa fazer compras. Não tenho problemas com isso, mas apesar dos meus pedidos para me deixar no Dubai Mall à noite e ir fazer a vida dele, em nenhum dos dias isso se concretizou. Proporcionou-me uma hora ao fim da tarde enquanto esperava sentado num corredor, quase sem bateria no telefone, o que me deu para espreitar umas lojas novas, comprar um top de desporto, perdi-me, desatei a correr pelos corredores e quando o encontrei já tinha passado uma hora. E um homem não compreendo que uma hora num espaço destes não dá para coisa nenhuma! Mulheres, se forem até ao Dubai, agendem um dia em que vão às compras e ele que arranje o que fazer nesse tempo. Sem exagero, proporcionem-se quatro a seis horas e aproveitem para ir à noite. Quem avisa amiga é! Da próxima vez não me escapa.

O que não falta naquela terra são centros comerciais e, em todos eles, o que não faltam são grandes marcas. Não é que tenha interesse nisso, não compro malas Dior, Chanel e Prada, mas achei curioso como ao passar por uma Zara tinha gente, em quantidades normais, e ao passar pela Chanel mais parecia que estavam a dar malas. Lá dentro vêem-se mil mulheres todas tapadas de preto, a olhar para as prateleiras, literalmente a apontar para o que querem para que alguém da loja comece a empacotar.

À primeira vista, apesar destas mulheres parecerem todas iguais, não o são. A primeira coisa que salta à vista são as malas que trazem penduradas nos braços. Vi malas de 10 mil € e não estou a brincar. Para onde quer que olhe, vê-se gente muito desafogada na vida. Elas, impecavelmente maquilhadas, de uma forma que eu não sei como fazem, são acompanhadas por empregadas que carregam sacos, também todas tapadas mesmo que não seja a religião delas.

Quanto a preços para roupa, o Dubai é mais caro. Numa Zara, Mango, Massimo Dutti, as peças são mais caras na ordem dos 5 ou 10€ a mais por peça. Em lojas que não existem em Portugal e só encontramos fora, eu estava-me nas tintas para esse excedente de preço e aproveitaria, se tivesse tido oportunidade. No entanto, a Nine West, uma sapataria americana que adoro, achei mais barata que nos próprios EUA. No supermercado, as lâmpadas eram quase de graça e os chocolates também eram mais baratos. Portanto, há coisas mais baratas, outras mais caras, é procurar!

À parte das lojas, o Dubai Mall tem um gigantesco aquário onde deveria ter nadado com tubarões, mas para minha infelicidade era uma actividade que não estava aberta nessa semana. Há ainda um ring de patinagem no gelo, que não é nada modesto, mas que de tanto adiar acabei por não experimentar.

E se há coisa que conheço há anos dos EUA mas nunca me despertou curiosidade em conhecer, foi o Cheesecake Factory. Que erro crasso! O que eu tenho andado a perder! Lá fui arrastada pela minha amiga sem saber o que ia provar, mas eu e o PAM quase fomos às lágrimas à primeira garfada.

A sério, eu vou querer entrar num Cheesecake Factory sempre que tiver oportunidade. O Cheecake Factory tem 38 (TRINTA E OITO!) variedades de cheesecake e eu tinha de ir viver para lá para experimentar todas. São precisos meses (se não for comer cheesecake todos os dias) para experimentar tudo. Fiquei-me pela versão fresh strawberry, que estupidamente dividi com o PAM, enquanto as versões tiramisú, café, oreo, manteiga de amendoim, côco, caramelo e macadámia, chocolate, snikers, abóbora, entre outras, ficaram a piscar-me o olho. Eu nunca mais passo por uma Cheesecake Factory sem entrar. Palavra de Poisoned! E que pena que tive que a minha mãe não pudesse experimentar o bom que aquilo é, ela que é fã de cheesecake.





Segundo consta, os emiratis são dados a ter empregadas para tudo e mais alguma coisa. A meio da noite apetece um copo de água? O emirati acende a luz da mesa de cabeceira, bate palmas e espera que alguma moça lhe leve o copo de água. Soube disto através da empregada da minha amiga, que preferem trabalhar para europeus ou americanos. A empregada da minha amiga é filipina e para estar lá a trabalhar os meus amigos têm de lhe pagar o visto de 1.000€ por ano. O mais estranho, é que o Richard, como empregador, é responsável pela empregada. Fica com o passaporte dela e no dia em que o contrato acabar, tem de levá-la ao aeroporto e entregá-la aos serviços de emigração que a partir daí tratam da questão e a colocam num voo de regresso a casa, a não ser que ela arranje um novo patrão que trate de um novo visto de trabalho a começar no dia a seguir ao último dia de trabalho com os meus amigos.

Achei esta forma de lidar com alguns trabalhadores perto da escravatura, quase como ser dono de alguém, mas é algo a que se sujeitam por livre vontade. A Maria, das filipinas, queria era ter patrão no Dubai. Folga um dia e meio por semana e ganha 350€ + 60€ de alimentação e dizem os meus amigos que pagam mais que a média que se pratica por lá. Ela está feliz com o ordenado. Para quem não quer ter uma empregada a tempo inteiro e a dormir em casa, podem optar por agências de serviços de limpeza, como faziam outros portugueses sem filhos, que ficavam com a casa a brilhar por 5€/hora. A minha Dina ganha 7€/hora, bolas!

Qual o meu espanto quando soube que a Maria é enfermeira. A Maria, dona de um metro e meio, trapalhona e dona de uma grande bigode, não era de todo uma imagem de enfermeira. O que mais me espantou foi a falta de capacidade de raciocínio que deixava a minha amiga pouco à-vontade com a questão «crianças», como aconteceu num dia que encontrou uma delas a brincar com o afiador de facas, a fazer as vezes de uma espada. "Foi a Maria que me deixou!" e na confirmação, a Maria apenas respondeu "eu pedi, mas ela não me quis dar o afiador" e assim regressou às limpezas. Ou eu a pedir toalhas, ela a querer dizer-me onde estavam indo direita ao WC onde estava o PAM que, ao puxar o autoclismo pensei, vai esperar que ele saia, mas não. Entrou porta adentro com o homem de calças na mão, mesmo depois de ouvir um autoclismo que indica que há gente lá dentro.

Perguntei ao Richard o que seria o curso de enfermeira nas Filipinas. Teria ela alguma equivalência em Portugal? Estás doida, esquece lá isso! E este é um retrato de tantos e tantos trabalhadores que vim a encontrar no Dubai: falta de raciocínio. No Dubai, tudo o que é obras, limpezas, jardineiros e esse tipo de trabalhos, são todos executados por indianos, paquistaneses, filipinos, etc. Os emiratis são poucos naquele país, cerca de 300 famílias que vivem do petróleo. Nesta viagem, inclusive voltei com uma opinião nova no que toca aos indianos. Afinal não os conhecia!

(continua)
SHARE:
© A Maçã de Eva

This site uses cookies from Google to deliver its services - Click here for information.

Blogger Template Created by pipdig