24.10.12

Colômbia - o centro

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Bogotá é uma cidade enooorme! O trânsito é caótico (a forma de conduzir não ajuda), existem zonas com total falta de planeamento urbano e, em hora de ponta, para fazer fluir o trânsito, até mudam a direcção a algumas avenidas. Imagine-se “fora de mão” na Av. da República que a certas horas ganha só um sentido. É estranho, muito estranho.

Como disse antes, esta uma cidade para ser vivida, não é para ser vista ou vai ter uma grande desilusão. Sem dúvida que é uma cidade alegre, com pessoas que saem à rua, há imensa animação e houve coisas que me surpreenderam muitíssimo. Outras não tanto, comecemos por aí.

Quando comecei a pensar nesta viagem percebi que não existiam guias. Fiquei frustrada até que uma leitora deste blogue, a Juanna, me enviou link para um pequenino guia com passeios simpáticos. Como a temperatura do dia anda ali nos 14/18ºC, andar a pé não custa nada e usámos e abusámos das perninhas.

O turismo por lá não me pareceu fácil nem óbvio, não vi casinhas de informação aos turistas, distribuição de mapas e pequenos livros como se vê em algumas cidades, mas confesso que não andei a vasculhar. Estava acompanhada por quem vive lá, por isso não estava muito preocupada, se bem que sempre que faço uma viagem vou com um esquema definido. Desta vez fui à aventura.

Dei um passeio pelo bairro La Candelaria, que é parecido a um Bairro Alto em Lisboa, até com a mesma inclinação no terreno. Achei muita graça a algumas zonas do bairro, delirei com as casas coloniais, é como viajar no tempo e a minha cabeça começa logo a imaginar mil e uma histórias que se terão passado naquelas casas. As varandas eram maravilhosas, mil cafés em cada esquina, venda ambulante de brincos, pulseiras, artesanato, bolachas com doce de leite (aaai, não me lembrem!), tudo muito cheio de vida e movimento.

Passei num pequeno museu com peças de Botero, um pintor conhecido por pinturas mulheres e figuras gordas; passei na Casa da Moeda, onde vi a maior peça maciça de outro da minha vida, atrás de mil vidros e segurança, vi moedas do tempo colonial, jóias, e aquelas coisas que nos costumam fazer viajar no tempo. Os telhados encarnados, as portas das casas trabalhadas em madeira, cores inesperadas, entradas de pedra, este é um bairro cheio de pequenos teatros, museus, galerias de arte, bibliotecas e casas que mais parecem de bonecas, mas vivem lá pessoas. Há até uma universidade.

Fizemos exactamente o trajecto sugerido pelo guia e deu para perceber que alguns edifícios pequenos tinham sido restaurados, mas é algo recente porque o cuidado com o património nacional é um conceito que não lhes assiste. Esta foi uma memória da qual não me esqueço de tanta estranheza que me causou: eles, o povo, não têm cuidado nenhum com os monumentos históricos, não preservam a história, e pelos vistos só agora começam a fazer alguma coisa com restauros e limpezas.

Quando cheguei à Praça Bolívar, até me caiu o queixo. A praça é enorme, mesmo enorme. Estão por lá imensos vendedores ambulantes debaixo de chapéus-de-sol que se levam para a praia, onde vendem mil guloseimas, aperitivos e chamadas de telemóvel ao minuto (vê-se disto em todo o lado), há até homens com lamas, prontos a emprestar os bichos para tirar fotos a troco de uns dinheiros, mas quando olhei para a praça, com a catedral tão imponente, achei que estava a ver mal. Quanto mais me aproximava mais louca pensava que estava. Eu não tinha lentes de contacto por esta altura, mas parecia que o edifício da Catedral Primada de Colômbia tinha sido alvo de um ataque de smarties. A medo perguntei se a catedral estava cheia de pintas às cores, o que me foi confirmado. É a forma de protesto da população: atirar balões de tinta aos monumentos. Nunca tinha ouvido falar em tal coisa

À volta, os muros estão cheios de recados, obra de “artistas”, o céu é sempre cinzento e não ajuda muito, dá a sensação que tudo está sujo. Não é que esteja um exemplo de limpeza, mas nada daquilo ajuda a tornar bonita uma praça que poderia ser lindíssima. E senti isso por todo o lado, tudo o que é monumentos está desgraçado, sujo, os passeios são feios e o céu cinzento não ajuda.

Rumámos em busca de um lugar para almoçar, passei por uma rapariga muito nova, grávida, dois filhos pequenos descalços, quietos, cheios de nódoas, sujos, sujos, a dividir uma banana, aquilo partiu-me o coração. Vê-se imensa miséria, da mesma forma como se anda 30 minutos de carro e se chega a uma zona só de gente endinheirada. Comprei-lhe um colar, a única coisa que comprei em Bogotá, dourado com turquesas.

Ainda houve quem gritasse para regatear, não fui capaz de regatear por um colar de 12€ a uma miserável. Espero mesmo que me tenha ido ao bolso. Quando viajo e vejo estas coisas fico sempre deprimida, a sentir-me culpada com o coração apertado. Acontece-me sempre, não sei explicar.

Fomos almoçar, a escolha foi difícil, mas lá optámos por uma tasca com pratos típicos. Olhar para a carta e escolher era uma aventura. Os sumos eram garantidos, mas a comida era a medo. Pedimos uma série de coisas que já não lembro o nome, umas saborosas, mas quando se vêem ossos e cartilagens a flutuar, dá-me logo os nojos. O almoço não foi mau, mas não fiquei a suspirar. A sobremesa que dividimos de doce de leite com framboesas é que era uma coisa fenomenal! Muito doce de leite há pela América do Sul e por cá não.

Para ver as imagens, recomendo que clique na primeira e vá passando com a seta.


















As tais bolachas com doce a escolher. 
A ASAE por cá chamava-lhe um figo! 




 Estes carrinho de venda de sumos e fruta descascada já vi em tantas cidades da América!
Na Europa não há nada disto, pelo menos que eu tenha visto.


















Conseguem ver os "smarties" ?












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© A Maçã de Eva

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