7.1.20

Trabalhar com números vs trabalhar com pessoas



Todos os anos (às vezes várias vezes por ano) pingam no email mensagens muito elaboradas de agências de meios a pedir dados estatísticos do blogue, nº de likes, views, números, números, números, aliciando a possibilidade de trabalhar com imeeeensas marcas e fazer parte da base de dados, blá, blá, blá.

Há muito que deixei de responder a estas mensagens.
Acho-as um vazio.

Desta vez, a um "novo ano, precisamos de novas estatísticas!", apetece-me responder: no que respeita a influencers ainda trabalham com números?

Nem eu trabalho com números, trabalho com marcas (quando trabalho). Trabalhar com as pessoas is the new black, com verdadeira publicidade/divulgação, com verdadeiro engagement e capacidade de levar uma seguidora a experimentar um creme que a Maçã gosta mesmo e por isso deve ser bom em vez de ser "o creme nem é mau, é igual a outros, mas eu faço isto porque me estão a pagar". É claro que há números à mistura, não vale a pena ser hipócrita, mas também é uma ingenuidade pensar que grandes números vendem mais. Ou vendem, pela proporção, mas o que é que fica disso? Não vejo a hora de o IG eliminar os likes em PT.

Com o tempo, se este registo não muda, não sei onde vão parar as agências de meios que não conhecem de perto os influencers e vêem números. Imagino que perderão lugar para um gabinete de gestão de social influencers criados nos escritórios das marcas para uma parceria de proximidade em vez de ser um serviço sub-contratado.

Trabalhem pela dinâmica e personalidade, pela qualidade de conteúdos do influencer, pela identificação do produto/marca com a pessoa, não exclusivamente pelos números. Nem eu trabalho pelos números e não gasto o meu tempo em responder a estas mensagens. 

Há dias comentei que deixei de seguir a Chiara Ferragni, supostamente a maior influencer do mundo, 18 milhões de seguidores! Seguia por defeito profissional, mas às tantas perguntei-me por que motivo o fazia. Tem uma apresentação completamente vulgar, um mau gosto inenarrável a vestir, adora andar de t-shirt branca sem soutien, mostrar o rabo de fio dental (e tudo bem, ela escolhe o que fazer com o corpo dela), é uma montra de logótipos nas roupas e nas malas. Este é o resumo que consigo depois de uns bons tempos a segui-la. Gira nas horas, mas sem um comportamento geral elegante e não havia conteúdo que me trouxesse inspiração. Seguia porque sim. Eliminei, junto com mais umas centenas de likes retirados. Tento manter a coisa pelas 400 páginas. Como é que é possível seguir 1000 páginas? 3000 páginas? Não se segue, estão só ali.

Isto pode ser visto como "esta tem a mania que é rebelde", mas a verdade é que no dia-a-dia já temos tão pouco tempo, eu consigo retirar tanto prazer do IG, percebi que era muito mais interessante limitar o espaço (e o meu tempo) àquilo que gosto mesmo. É como ver uma revista e eliminar as páginas que são entulho, só vejo o que me interessa.

Falo por mim, já fiz algumas compras porque algumas influencers portuguesas micro me inspiraram, me deram a conhecer alguma coisa que gostei, mas nunca fiz compras por influência de influencers internacionais de milhões das quais (as poucas que sigo) só gosto de ver as fotos.

Fica a sugestão de algo que tem funcionado para mim, em 2020 optem por redes sociais mais limpas, mais inspiradoras e - às marcas e agências de meios - por parcerias com conteúdo, de verdadeiro interesse e envolvimento. É como não ter de ser obrigada a comprar presentes de Natal: libertador e concentrado no que verdadeiramente interessa. Isto para ser interessante e divertido não pode resumir-se ao número de laranjas, têm de ter sumo.



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© A Maçã de Eva

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