10.12.19

Séries: Conta-me como foi




Isto é tão bom que dei por mim a falar desta série a toda a gente, de sorriso na cara, saudosista. Está tão bem feito, gera-se um sentimento de pertença tão grande que não há forma de ficar indiferente. Há momentos em que é quase comovente.

A série Conta-me como foi não será estranha a muitas pessoas, exibiu-se há uns anos para contar como era a vida em Portugal numa época pré 25 de Abril, num tempo que conheço apenas de ouvir falar, dos meus pais e das pessoas mais velhas. A primeira série foi um enorme sucesso para a RTP1. E descobri esta semana que a série regressou em grande no último sábado. Descobri timidamente e  apenas porque uma pessoa fez uma partilha no FB e calhou que eu visse, senão permanecia na ignorância.

Nesta nova temporada do Conta-me como foi já lá vai o 25 de Abril, os filhos da família Lopes cresceram, têm outras vidas e voltamos a vê-los no último dia do ano de 1983.

Quando digo que a série regressou em grande, é porque há um enorme investimento, cada episódio custou à estação portuguesa entre 80 e 100 mil euros e são 52 episódios. Auch! Mas já no primeiro episódio vê-se que o dinheiro foi gasto num absoluto rigor: as mobílias de época (hediondas), as roupas, os cabelos (as permanentes!), as cassetes VHS, a TV, o que passa na TV quase como um pormenor de fundo mas que nos diz tanto, todos e quaisquer detalhes da cozinha, os maços de tabaco SG, o fumar em todo o lado, as mentalidades, a relação entre pais e filhos, é tudo tão anos 80, tudo tão coisas que eu vi e vivi que se torna delicioso. Caramba, até os candeeiros de vidro das escadas do prédio - que aparecem ao fundo e mal se vêem - gritam anos 80. E também conseguiram reproduzir uma redacção de um jornal da época.

Tenho a confessar que detesto novelas portuguesas. Não suporto, tudo soa a falso, é de revirar os olhos, não sei como há quem veja nem como gastam um tostão nessas produções. Simplesmente não vejo e em tempos idos devorava as novelas da Globo. Nos anos 80! Mas o Conta-me como foi não é uma novela.

Conta-me como foi é uma série muitíssimo bem feita e que conta com actores geniais que são a Rita Blanco e o Miguel Guilherme. São tão bons que tudo parece real, parece que eles são assim de verdade, nada soa a falso, o improvisado cai que nem uma luva, os diálogos e as preocupações são tão portugueses e da época... A sério, é tão maravilhoso que não há elogios que cheguem e eu tinha mesmo de partilhar esta nova temporada que dá todos os sábados à noite, pelas 21h, na RTP. Quem viveu nos anos 80 vai deliciar-se com isto. Claro que depois há actores satélites que não têm jeitinho nenhum para aquilo, como as crianças, mas não estragam aquilo que importa e que é bom.

Mais de 100 profissionais estiveram envolvidos neste projecto e é engraçado como o guião (óptimo!) levou a que algumas pessoas estivessem meses mergulhadas em jornais dos anos 80, alheando-se completamente ao que acontecia em 2019, como conta aqui o Observador.

Vejam e recomendem a série a outras pessoas! A produção é portuguesa e boa, vamos espalhar o que é bom. Ao menos que o investimento seja amortizado. Eu pelo menos estou ansiosa pelos próximos episódios, não quero perder nem um! Quem não viu pode recuar na box lá de casa ou pode ver aqui online.

Quem já viu? Os detalhes não são bons demais? Estes episódios são uma viagem a um tempo que recordo com muito carinho, ando há dias a pensar nisto. Depois digam-me se gostaram que é para eu não parecer a única a morrer de amores pelo que vi no primeiro episódio.




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© A Maçã de Eva

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