12.1.17

Gravidez: aumento de peso e nutrição - parte I


Eis-nos chegadas àquela questão sensível da gravidez que incomoda muitas mulheres, eu incluída: o aumento de peso.

Notem que eu escrevi "aumento de peso" (volume de sangue, líquido amniótico, bebé, placenta, aumento do útero, etc.) o que é diferente de "engordar" (ganhar massa adiposa). Por isso, de cada vez que oiço a célebre pergunta "quanto é que engordaste?" apanho um space shuttle, dou piruetas no ar e corrijo. Habituem-se a dizer ou a perguntar quanto é o "aumento de peso" e não quanto se engordou, uma coisa e outra são completamente diferentes, sendo que o aumento de peso fruto de uma gravidez desaparece dias após o parto e a gordura depende da quantidade, pode levar mais do que uns dias. E há casos que leva anos ou nunca se recupera.

Ao contrário do que uma vez fui acusada no FB do blogue, não tenho problemas com o corpo. Aconselharam-me a fazer a terapia, mas se eu fizesse tinha de ser para me conter de cada vez que vejo sushi, uma mesa de queijos ou de doces. Não tenho problemas com o corpo, pelo contrário. O meu problema é gostar muito de comer e se não quero ficar enorme, tenho de pelo menos saber compensar os estragos. Já diz o PAM desde sempre: "comes como um homem, mais do que eu". E não posso desmentir.

Felizmente a genética ajuda, não sou gorda nem magra, tenho um IMC normal, visto um 38 para 1,69m de altura, gostava de ser mais magrinha como já fui em tempos, mas lá está, eu sou bom garfo e depois dos 30 o meu metabolismo traiu-me, deixando de ser aquela pessoa que come o que quer sem engordar para passar a ser uma pessoa que até posso comer o que me apetecer, mas se não souber compensar a coisa corre mal.

Comecei a gravidez com 63Kg (sendo que o que sinto ser o meu ideal, quando me sinto mesmo boazuda, é com 59/60Kg). No primeiro trimestre emagreci com os enjoos e fui até aos 62Kg e só comecei a aumentar de peso, timidamente, pelos 4 meses, altura em que a barriga também se começou a tomar mais evidente (até então andava na praia com a minha família que não sabia da gravidez e não se apercebiam).

Desde cedo, a ideia do aumento de peso para uma futura gravidez foi uma preocupação. Não me venham com histórias, ninguém, homem ou mulher, gosta de ser gordo ou ter excesso de peso. Não tem a ver com ter um corpo fenomenal, ser atraente a olhos alheios ou ser capa de revista, tem a ver com mobilidade, com sentir-se bem na roupa, com poder vestir a roupa habitual, com gostar de se ver ao espelho. Ou pelo menos, tem a ver com reconhecer o corpo/peso que nos habitou a vida e não passar de repente a ser a mesma pessoa num corpo completamente diferente que não reconhecemos.

A minha preocupação com a gravidez e aumento de peso era: as mulheres engordam 20Kg porque não há como controlar e é inevitável ou porque fazem escolhas erradas?

Fiz questões relacionadas com o tema com a minha obstetra (Catarina Gama Pinto) e a minha nutricionista (Mariana Abecasis, aqui), ouvi, aprendi, optei por não me privar do que me apetecia comer mas a aprender a fazer compensações e ao longo de toda a gravidez fui aumentando de peso de forma gradual, sempre um bocadinho abaixo daquela linha curva que aparece no boletim de gravidez.

Reconheço, a genética também ajuda, mas não é só. Ginásio fiz menos do que gostaria (o trabalho consumiu-me) e cheguei a um ponto em que desisti, ao contrário dos meus desejos, por ter a herdeira muito subida o que me reduz a caixa de ar e me deixa para morrer. Mas sem dúvida que as histórias de aumentos de 20Kg e 30Kg me deixavam apreensiva.

Quero desde já explicar que nada tenho contra aumentos de 20Kg e 30Kg, cada mulher sabe de si, eu não me debruço sobre essas histórias, não penso nelas, este meu post tem a ver com uma realidade que eu não quis para mim e procurei evitar. Tive medo de ficar enorme, eu não me sentiria bem ou feliz nessa realidade. Mas quem se sente ou quem não importa, quem sou eu para condenar? O meu texto não trata sobre "as mulheres não se deviam deixar engordar, porcas", não me deturpem as palavras. Este é um post pessoal, aproveitando que algumas mulheres grávidas me escreveram a perguntar se tinha algum "segredo".

Não é um um segredo, é mais ser racional, fazer compensações alimentares, ser seguida pela Mariana Abecasis que dá imensas ideias e ensina a fazê-lo, cuja especialidade é mesmo a nutrição durante a gravidez e pós-parto e eu não poderia recomendar mais. Aliás, é largamente reconhecida por ter acompanhado as gravidezes da Carolina Patrocínio e da Ana Rita Clara. E não, não custa uma fortuna milionária ter este acompanhamento.

De resto, não pensem que tenho andado estes meses a alface. Como gelados, alguma coisa doce por dia, como pão quase todos os dias, eu não ando de castigo! Deusmalivre, não tenho paciência para fome, não dá para mim. Além disso, passar fome é péssimo sinal e a forma mais difícil para perder gordura com sucesso, esqueçam isso.

(continua)


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