1.7.13

Tailândia - Weekend Market

Com a manhã a nascer fomos de táxi até ao centro da cidade para onde, imagine-se, não tinha reserva de hotel. Tinha um descontos de 50% no valor da estadia que funcionou num hotel do grupo, mas para o hotel de Bangkok não conseguia fazer a reserva com desconto. Ora, desisti e pensei “tratamos quando chegarmos”. Eu sou muito poupadinha, não deixo que estas dificuldades cibernéticas se atravessem no meu caminho.

Não sei como descrever Bangkok. Não posso dizer que é uma cidade bonita, mas tem coisas fabulosas. Não posso dizer que é uma cidade atraente, mas exerce um enorme fascínio pela diferença cultural. Não posso dizer que é um sítio que sonhe em regressar, mas adorei ter lá estado. Bangkok foi uma experiência, literalmente, do outro mundo.

O Poisoned Apple Man já conhecia Bangkok, eu não sabia bem ao que ia, mas levava histórias no bolso, como a da Ana, que chegada à cidade observou ao longe pessoas a apanhar coisas do chão, mas sem perceber o quê. Era como se um grupo de pessoas apanhasse moedas do chão e as pusessem dentro de um saco. Mistérios resolvidos, afinal eram baratas. Para comer. Já estou arrepiada!

É verdade, vi por Bangkok coisas que nunca pensei ver numa grande cidade. Há uma coisa que eu posso dizer sem margem para erro: Bangkok é a cidade mais suja e mais porca que já visitei. É preciso ir com espírito!

Logo na primeira viagem de táxi do aeroporto para o hotel, olhei Bangkok com ares de Rio de Janeiro, com todos aqueles fios eléctricos emaranhados nos postes, tantos quantos torne impossível contá-los. Boas estradas, muitas passagens aéreas, viadutos, uma cidade cinzenta de betão e barracas que recebe cor das pessoas, das banquinhas de rua, dos dourados altares budistas ao virar de cada esquina, dos carrinhos que vendem todo o tipo de comida, dos táxis cor-de-rosa e dos tuk-tuks que aceleram imortais nas cores mais incríveis.

Fomos directos ao Hotel Amari Watergate, mesmo no centro de Bangkok. Além de ter os 50% de desconto cedidos por outra pessoa, tinha excelentes críticas e fotos que podem ver aqui . Dos amigos que conheciam a Tailândia, comentaram que este grupo de hotéis parecia ser bom e de confiança. Não é bom, é fabuloso! Recomendo! O valor é de cerca de 100€/noite, dependendo da antecedência com que se marca pode ser mais caro.

Chegados ao gigantesco hotel de manhã, lá expliquei que tinha o desconto, não conseguia fazer a reserva, blá, blá, e a explicação como um murro no estômago: não conseguia porque o desconto só é válido se o hotel tiver uma baixa taxa de ocupação. Como estavam em alta, era a pagar a 100%. Doeu-me na carteira, mas a localização, o hotel e o pequeno-almoço não podiam ser melhores.

Enquanto tratavam de nos limpar um quarto, fomos comer para o pequeno-almoço buffet onde bebi e voltei a beber, e bebi mais uma vez, sopa miso. O que eu gosto deste caldo! Todas as manhas sem falhar bebia sopa miso até não aguentar mais.

Recebido o quarto, fabuloso, saquei umas fotos da vista, confirmei que de certeza ia chover como ditava o Yahoo Weather, com calor e humidade à mistura. Tomei um banho e branca como cal fiz-me à estrada de calções da cor das minhas pernas. Pegámos num mapa cedido pelo hotel, com desenhos do que há para visitar e saímos para a rua.

Uma excelente forma de fazer parte da cidade é utilizar o metro de superfície, que não é de superfície, é aéreo. Muitas das infraestruturas de betão que vemos erguer-se do chão, não são viadutos, mas o metro de superfície, o SkyTrain. Além de ter ar condicionado (uma invenção que vão querer beijar nesta terra), não é um transporte que alguma vez tenha visto cheio como um ovo, pois os bilhetes são caros para o comum tailandês. As viagens dependem do destino e ponto de partida, compram-se em máquinas que têm explicação em várias línguas, e paga-se cerca de 70 cêntimos por cada deslocação.

Com a estação do SkyTrain a 10 minutos a pé do hotel e uma vez que era Domingo, fomos directos para o Weekend Market, um mercado de fim-de-semana, como o nome indica, sendo que aquele era o único dia de fim-de-semana que íamos estar na cidade de Bangkok. Estávamos na rua a caminho do metro aéreo quando começou a cair a carga de água. E choveu, choveu, choveu , que azar desgraçado! Não é que estivesse frio, mas era desagradável. Estava de sandálias, as ruas todas molhadas, eu com os pés pretos da sujidade das ruas, a pele que parecia colar com a humidade, os cabelos com aspecto de choque eléctrico, enfim, não é agradável, mas também não foi motivo para regressar ao hotel. Ficámos debaixo de uns toldos à espera que a coisa amainasse, perdemos tempo, observámos a técnica dos vendedores ambulantes para proteger a mercadoria da chuva, plásticos desdobrados, uma aberta no céu e seguimos caminho.

Uma vez no SKyTrain, comprámos bilhete para sair na estação de Mo Chit, a estação do Weeken Market. Ao chegar foi só seguir a manada, não tem nada que enganar. De qualquer forma, existem indicações para o mercado.

Vou já avisando, aquilo tem zonas que parece noite de Santos Populares, lotadas, mas também tem zonas com mais espaço. Não ir a este mercado em Bangkok não faz sentido nenhum, pelo que se for viajar certifique-se que reserva um Sábado ou Domingo para esta visita.

Eu sabia que ia encontrar um grande mercado, mas não estava preparada para um mercado daquele tamanho. Ali, há de tudo, de comida a animais, de roupa a móveis, de arte a alguidares, de peles a piaçabas, e até massagens. Não há nada que não se encontre por ali, até falsificação de documentos.

Existem mapas do mercado que ao olhar parece uma coisa indescritível. Devem criar um sistema de andar pelas ruas ou vão andar em círculos. É labiríntico, pelo que é provável de acontecer perder o norte. Estive cerca de cinco horas neste mercado e não vi tudo. Outra coisa é que, além de o mercado estar dividido por zonas, muitas lojas têm as mesmas coisas. Por isso, se for cheio de tempo e paciência, quando gostar de alguma coisa, negoceie. Se achar que o preço não é justo, anote a rua e o número da loja para voltar mais tarde.

Além disso, existem lojas para não ter de carregar as coisas e enviá-las logo de avião para casa, quase uma estação de CTT num mercado com telhado de lona. Ali pode ler as exclusões, países para onde não enviam mercadoria, sendo um deles Portugal. Agradeçam a alfândega que temos, um inferno na terra, uma chulice sem nome, de eficácia tal que eles, um país com hábitos terceiro mundistas, não se querem responsabilizar. Para quem tem muita vontade e tiver família noutros países da Europa, como eu, dá para enviar para lá e depois pedir-lhes que carreguem até Portugal ou pedir que enviem por correio, aí sem dilemas de alfândega.

No meu caso não usei este serviço com muita pena minha, tivesse eu uma carteira sem fundo e ter-me-ia perdido com os quadros que vi. Eu e o PAM estávamos malucos com os pintores, mesmo, mesmo muito bons. Era menina para lá voltar só para comprar peças na zona de arte.

Mesmo que não goste de compras, mesmo que não tenha dinheiro para gastar, o Weekend Market é um sítio que vale mesmo a pena ir. Ali aprende-se tanto da cultura asiática só de olhar!

No mercado, as coisas não têm propriamente preço indicado, embora algumas coisas possam ter. Achei alguns preços realmente baratos e alguns exorbitantes, preços atirados ao ar por não termos como mentir que somos turistas. Muitas vezes os sacanas até perguntam de onde somos antes de dar o preço, para ali fazerem umas contas rápidas e dar um valor inflacionado. Houve um que, na dúvida, antes de dizer o preço teve o descaramento de perguntar se em Portugal moeda era o Euro.

O Weekend Market é para ir cedo e é um sítio para ali perder um dia inteiro à vontade. É um sítio que ao fim do dia nos deixa as costas empedradas de tanto andar. Penitenciei-me por não ter levado os meus ténis na bagagem e percebi que me iam fazer falta durante a viagem. Sandálias rasas parece confortável, mas não quando de fazem quilómetros. E levem dinheiro, que neste mercado é raro encontrar onde se possa pagar com cartão.

No Weekend Market, em Bangkok, o conceito de "caos organizado" ganha uma nova vida.

(continua)














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© A Maçã de Eva

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