2º post da Colômbia, aqui
3º post da Colômbia, aqui
4º post da Colômbia, aqui
Se me perguntassem o que eu sou responderia sempre "viajante". Adoro ser do mundo, chegar a uma nova cidade e percorre-la a pé, até que os pés se queixem e as costas me façam ameaças. Gosto de ser do mundo, de ver as cores, de virar a cabeça ao alto para observar e fotografar a arquitectura. Gosto dos cheiros, das novidades, adoro coisas novas. Há sítios onde até as cores parecem novas.
E em Bogotá, assim que percebi que ao lado do hotel existia um bom supermercado de legumes e frutas, voei à primeira oportunidade só para ver, sentir e cheirar. Ávida por coisas novas, fiz ainda algumas compras para levar para os pequenos-almoços do hotel e dar ao paladar um mundo novo.
Entrei no supermercado e inspirei, queria sentir tudo de uma vez. Tantos cheiros novos, tantas cores que não sabia por onde começar. No meio de gente às compras eu era uma turista das frutas, à caça de uma textura nova, de um cheiro novo, de mais um mundo no meu cérebro.
Depois deste passeio pelo supermercado encontrei-me com a noiva. À medida que lhe mostrava as fotos na máquina fotográfica, ia perguntando a que sabia, como se comia, coloquei todas as perguntas que se podem colocar a frutas que desconhecemos. Era um Cristóvão Colombo explorador.
- E esta?
- Essa nunca provei.
Respondeu-me que nunca provou uma fruta vulgar para a Colômbia que está todo o ano disponível nos supermercados. Qual será a variedade de frutas que chegamos à idade adulta sem nunca ter provado? Achei extraordinário. Por cá, acho que não há quem tenha provado maçãs, laranjas ou bananas. E dei rumo à minha viagem sempre em busca de mais um sumo de fruta nova, já que não podia comprar tudo no supermercado.
Não sou de fruta. Mesmo. Por mim passava dias e dias sem comer fruta. Mas nunca comi tanta fruta na minha vida como comi na Colômbia, quase desesperada, tanta coisa boa e nova que me faz levar ao supermercados de cá esperançosa por uma pitaya. Já consegui comprar granadillas, tudo um assalto à carteira, mas dá para matar as saudades.
As granadilhas têm uma casca que mais parece feita de esferovite. Abre-se pela metade onde estão pepitas grandes mergulhadas num sumo gelatinoso. A consistência é tal e qual um maracujá, mas as sementes são muito maiores e algo acinzentadas. No sabor também é parecido com um maracujá, mas muito mais leve, sem fazer impressão nas glândulas. Adorei.
Já as pitayas têm história. Estávamos eu e o Poisoned Apple Man a devorar colheres de pitayas (também se abrem pela metade), quando chegou um amigo do noivo e gritou com gravidade: "cuidado com isso!". Fiquei parada a olhar de colher suspensa até que se explicou: "vocês estão malucos a comer isso em quantidade? Vão morrer de diarreia! Isso é o que se dá a comer em caso de prisão de ventre!".
Ups!
Ora, eu tinha feito dois voos e não fiquei ralada, podia ser que me facilitasse a vida, mas o PAM largou aquilo das mãos. Todos os dias comia pitayas e nunca funcionei tão bem da barriga. Que pena não haver por cá!
As pitayas não são muito bonitas por dentro, muito cinzentas e cheias de pepitas pretas como um kiwi, mas logo ao provar fica-se rendido: sabe a uvas sem grainhas e ouve-se o trincar das pepitas. Ahhh, saudade!
Pepino Guiso que o blogger não permite endireitar. Foi-me explicado que este é um pepino diferente do europeu e é cozinhado para ser comido. Não cheguei a provar.
Abóboras enormes e de todos os feitios.
Nem sei quantas variedades de bananas existem naquela terra, mas algumas pareciam sabres. Não sou muito de babanas, comi uma das mini, tipo banana da Madeira e gostei.
Também têm maçãs!
Pitayas do meu coração, o quanto gosto de vocês!
Nonis. Não cheguei a provar.
Granadilhas, maravilhosas! Já comprei por cá.
Maracujás diferentes porque eu não os conheço assim.
A Colômbia tem 8 variedades de manga. Algumas são verdadeiras armas brancas.
Curuba e tomate árvore que é dá um sumo de fruta delicioso!
Ai, saudades de guanábana! Este fruto é gigante, tipo melão do Entroncamento. Nunca cheguei a comer como fruta, mas bebi o sumo e delirei. O copo mais parece um copo de leite, é totalmente branco, e bom que não há palavras!
Feijoa. Blargh! Acho que foi a única fruta de que não gostei. Ácido que nem conseguia abrir os olhos.
As laranjas mais cor de laranja que já vi!
Madroños. Não provei, mas cheiravam bem!
Uma granadilla aberta. Saudade!
Uma pitaya aberta. Aaaaaai, saudade!
Tudo na minha barriga! Nesta terra os meus pequenos-almoços eram recheados de fruta.
O truque era comer uma e outra. Enquanto a pitaya solta a barriga, a granadilla prende, segundo me explicaram. E foi o método que encontrei para poder continuar a comer estas maravilhas. Uma questão de engenharia alimentar, no fundo!