26.6.17

Subjugação

Ainda que seja um exercício que não adoro, isto de ter vários negócios leva-me a lidar com todo o tipo de clientes. Até tenho na calha um texto sarcástico sobre os diversos tipos de clientes que existem, mas hesito em publicar não vão algumas pessoas não saber ler e atirar-me para uma vida de fome.

Por entre os vários tipos de clientes que existem, a que mais me causa aflição é a cliente que gosta de uma peça, fica horas de volta de uma peça, namora a peça e tem uma única hesitação sofrida: não sabe se o namorado/marido vai gostar. E ali fica que tempos à espera que chegue um momento iluminado ou, o maior desejo, que aparecesse de surpresa o namorado/marido que toma a decisão por ela.

Não me refiro a uma simples questão de opinião do namorado/marido, isso todas pedimos. Falo de a opinião dele determinar se a compra vai ser efectuada ou não.

Honestamente estou-me nas tintas se a venda é efectuada ou não. Falo do lado da compra em que fico ali a observar toda aquela hesitação com impressão e a ouvir as interrogações saídas por entre os dentes: "e se ele não gostar...?". Lá lembro que pode trocar, mas não é nada daquilo que me apetece dizer.

Clientes assim deixam-me a suspirar, sinto-me à beirinha de me meter onde não sou chamada com vontade de as sacudir para a realidade: "mas quem é que tem de gostar?" ou "quantas vezes a sua opinião determina as vontades dele?".

Não consigo compreender mulheres às quais lhes falta firmeza na simples decisão de uma compra. Se é assim para a compra de um bem não fundamental, nem quero imaginar nas decisões importantes. Fico impressionada a pensar quão infeliz eu seria no lugar destas mulheres, a pensar no quanto me choca a dependência de decisão (ou será autorização?). Mas depois lembro-me que não tenho nada com que ficar impressionada, a maioria das mulheres assim são-no exactamente porque preferem assim, alguém que decida tudo por elas com direito de veto.

Lembro-me de um casamento a que fui com o PAM no início do nosso namoro, saí do quarto com um vestido que ele nunca tinha visto e confessou que não gostava. Mas eu gostava e assumi a minha escolha. Não mudei de roupa, respondi "tu aguentas!", mas uma destas mulheres teria dado a volta para mudar de vestido.

Tanta fraqueza e subjugação deixa-me horrorizada. Vejo isto em mulheres (diferentes) em todas as colecções que vou lançando.


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© A Maçã de Eva

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