9.8.15

Tesourinhos das Legislativas


Não tenho memória de um carnaval de comunicação numa campanha como a que corre agora. Até pode ter havido, mas não me lembro.

Depois de anos em comunicação dentro de um ministério, vou seguindo o assunto quase com uma gargalhada. Mas quem anda a tratar disto? Estagiários? Por outro lado, nem um bom estagiário seria tão inocente.

Não me chocou a primeira polémica da senhora que estava desempregada "há 5 anos" e, feitas as contas, tinha ficado desempregada no governo de Sócrates. Acho que foi vontade de dizer mal, o que o cartaz queria dizer era que se mantinha desempregada de longa duração, mas se reunidas as condições de descontos necessários, a senhora teve certamente direito ao subsídio de desemprego, num mínimo de 5 meses e num máximo de 30 meses, mais ou menos, pelo que a polémica foi parva.

Também não me chocaria que algumas pessoas tivessem dado a cara para representar a situação de alguns portugueses: desempregados e imigrantes, situações em que se tem focado a campanha do PS, ainda que não sendo a sua realidade. Verdade que uma representação não me choca.

O que eu não compreendo, mas mesmo, é que tenham usado o rosto de pessoas sem o seu conhecimento, atribuindo-lhes histórias das quais não sonhavam um dia dar a cara. Mas este resultado não seria de esperar? Como, mas COMO, é que uma ideia destas passa pela cabeça de um director de comunicação num país de queixinhas? É óbvio que isto só podia dar uma asneira deste tamanho, um verdadeiro tiro no pé capaz de arruinar uma campanha inteira.

Seria tão difícil, impossível, arranjar verdadeiros casos, pessoas dispostas a dar a cara? Acho que os arranjava no mesmo dia. Seria um "não custa nada", simples de fazer, há tanta gente descontente, tantos desempregados, tantos jovens que emigraram, acho mesmo que seria fácil arranjar pessoas com histórias verdadeiras, pelo que não consigo mesmo compreender esta marosca toda, sendo que o que me impressiona não é a representação, mas o total desconhecimento dos fotografados que não faziam a mínima ideia do destino das fotos (o que também é esperto da parte deles).

E o director de comunicação assume o erro e demite-se, procurando assim dar-se os ares de "separámos o trigo do joio", um "já não há maus profissionais dentro do partido", um "está tudo limpinho, já podem votar em nós", que não sei se será eficaz. O país tem memória curta, mas não sei se anda tão esquecido assim. 

O mal não estava na representação, está no abuso de usar a imagem de outros sem um seu conhecimento. Já diz o ditado "pelas costas dos outros vejo as minhas" e quer parecer-me que os portugueses ficam com a sensação "enganou estes parvos, mas a mim este gajo a mim não me engana", digo eu que há anos não posso com o António Costa, sendo que houve uma altura que até gostava dele. 

Não sou de partidos, sou de pessoas. E não gosto de nenhum candidato ao poleiro. Nenhum. Não há pessoas com tomates e não sei se o género que gostaria de ver algum dia vou ver aparecer no seio político. Uma pessoa séria como a que desejaria nunca chegaria longe, existiriam "impedimentos de maior" provocados por terceiros pouco interessados em honestidade e seriedade. Se estas cenas acontecem em locais de trabalho, não quero imaginar como é no seio político.

Já eu comentava há dias com o homem: "estou a mesmo a ver que vou ter de votar PSD contra a minha vontade para procurar impedir o PS ganhar".

Estamos largados aos bichos. Mas por outro lado, não é nada a que um português não esteja habituado.


Entretanto, deixo-vos com esta página de cartazes interessantes:



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© A Maçã de Eva

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