Um dos motivos porque adiei tanto a maternidade foi achar que as crianças são destruidoras de relações. Para além de não adorar crianças em geral e não ter vontade, claro. Honestamente, quando o casal não é feliz e não se basta a si próprio, eu não acredito que uma criança venha preencher o vazio e a união que lhes falta, acho até que o resultado será completamente o oposto.
No meu caso, de cada vez que perguntavam por crianças, de cada vez que me cobravam crianças, cheios de sinais de alarme de que estou a ficar velha e que o sistema reprodutor depois não responde, na minha mente eu pensava: mas eu estou tão feliz a dois, não preciso de novos elementos, não tenho nenhuma necessidade disso, acho que me vai tirar mais do que dar.
Eu sentia genuinamente que só ia ficar a perder. Nunca tive necessidade de ter filhos e um dos motivos para adiar foi não ver muita felicidade nisso, de recear mais do que querer, de ter medo que fosse uma má decisão numa relação que tinha tudo o que eu queria e depois não poder voltar atrás.
Mas lá me decidi a engravidar ao fim de sete anos juntos, estou em paz com a decisão, não vivo em pânico, mas não posso dizer que não pense nestas coisas que vou lendo e observando noutros casais.
Isto a propósito de ontem me ter cruzado com mil notícias que davam conta da separação do Presidente do Sporting com a mulher. Rapidamente me lembrei que têm um bebé pequeno e vou confirmando a minha teoria: grande parte das separações dão-se um ou dois anos depois do nascimento de crianças.
São consumidores de paciência e de neurónios. Atiram as pessoas para um estado que não lhes é natural e alguns casais pagam uma factura cara. Noutros, os motivos para o afastamento nada tem a ver com isso e a presença de bebés é apenas uma coincidência. E ainda há os que se estava mesmo a ver que ia dar asneira e não surpreendem ninguém à volta. Mas depois há os que são felizes a dois sem precisar de mais (um grupo onde eu sinto que pertenço) e que anos depois dão a sensação de que ter filhos estragou tudo.
Hoje, nem de propósito, fui dar a este post da Catarina Beato sobre o assunto. E depois fui dar a este. Hoje toda a gente decidiu escrever sobre os efeitos nefastos dos bebés nas relações. E uma pessoa fica angustiada com o que pode vir por aí. É um tiro no escuro.