3.4.17

Ver um teste de gravidez positivo

Da mesma forma que vou para sempre estranhar as mulheres que engravidam sem querer (nunca engravidei por acidente e não tomo a pílula há anos), também estranharei aquelas que levam três meses para descobrir que estão grávidas. É evidente que todas as gravidezes são diferentes, todas as mulheres são diferentes, a sua percepção do corpo não é sempre igual e quando uso o termo “estranheza”, faço-o no sentido de achar uma realidade completamente diferente da minha.

Creio que duas semanas após a concepção comecei a desconfiar que estava grávida, o que se foi intensificando nos dias seguintes. É evidente que ajudou muito o facto de saber que estava a fazer por isso, mas não queria fazer testes de gravidez em vão pelo risco de ser cedo demais e poder resultar num falso negativo.

Acho os testes caros para serem largados à curiosidade no caixote de lixo e ainda ficar a pensar “será mesmo negativo ou ainda não existem hormonas suficientes para o teste de gravidez fazer a leitura?”. Já ouvi falar de mulheres que repetiram não sei quantos testes positivos, esqueçam isso! Se não têm uma condição de saúde particular nem estão a tomar nenhum medicamento que possa “enganar “ o teste de gravidez, não existem falsos positivos.

Na ansiedade da dúvida, para ter a certeza esperei pelo menos até ao dia em que deveria menstruar, ainda que no meu caso não fosse fiável por ser muito irregular.

Estava fora de Lisboa, cheia de dores nas maminhas. Nos últimos dias para virar-me na cama parecia que tinha vidros no peito. Nesse dia estava enjoada como uma pescada. Seria do calor de 40ºC ou mais qualquer coisa?

Ele insistiu e insistiu, estava em pulgas, parámos numa farmácia e comprei um teste, hesitante. De regresso ao hotel, segui as instruções, olhei para o mostrador que dizia para aguardar cinco minutos, mas ao fim de 30 segundos eu já estava a ver um positivo a aparecer. Que nervos! Seria dos meus olhos?

Larguei o teste na bancada do WC, fui para o quarto e aguardámos cinco minutos a fazer conversa de parvos. Concluído o tempo, voltei ao teste e lá estava um evidente positivo. Estava grávida!

Há quem se emocione e largue a chorar (de felicidade ou medo, não sei). Não tivemos nada disso e muito menos fomos invadidos por um sentimento de amor ao bebé, era demasiado cedo para isso. Sorrimos, claro que sim, era uma gravidez planeada, mas o sinal “+” no teste de gravidez funcionou para nós mais como que um aviso, como se nos tivessem dito “organizem as coisas que vem aí um bebé”, não houve nenhuma emoção em particular no que respeita a sentimentos.

Escusado será dizer que uma mulher grávida, depois de fazer o teste não pensa noutra coisa. É um minuto-a-minuto com o cérebro a lembrar "estás grávida!” e mil perguntas a bater na cabeça. Nos dias seguintes, a lembrança de que estamos a guardar um bebé na barriga assalta-nos constantemente.


Crónica publicada na página Universo do Bebé by Continente, aqui.


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© A Maçã de Eva

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