23.12.16

Um dia mato este gajo #73


Ontem, mais um dia caótico de trabalho, cheguei a casa a horas pornográficas (que trânsito foi aquele?), sem restos para jantar e sem cabeça para cozinhar. Obriguei o homem a levantar o rabo do quentinho do sofá e ir comigo à rua comprar frango assado.

Reclamou, reclamou, que estava frio e o camandro, mas lá vestiu o casaco e saiu comigo à rua.

No caminho, puxava pela minha mão para me despachar:

- Aaaanda! Anda!
- Não consigo!

Vou explicar uma coisa sobre os homens que vão ter um filho: para eles é uma coisa no horizonte, é uma mulher a quem cresce a barriga e dorme ao lado deles. Eventualmente mais chata e queixosa, mas é só isto. Gravidez para eles é isso mesmo, uma ideia lá à frente no tempo e uma mulher com a barriga maior. TUDO O RESTO, não interessa para nada, não se lembram, não se lhes ocorre, não percebem.

Eu tenho há dois ou três meses uma dor na virilha direita. Não é sempre, mas é com muita frequência, como um raio, uma cena eléctrica que aparece ao passo, quando o pé direito pousa no chão. Ou então não é um raio eléctrico, é um garfo que se espeta nos nervos da virilha e torce-os como se fossem esparguete.

Eu não morro, vou aguentando (isto há-de passar), mas não ando em ritmo acelerado senão é muito pior!

- Aaaanda! Anda!
- Não consigo!
- Não te queixes!
- Eu quero que os teus testículos tripliquem e comeces a perceber a diferença!

Cada um com os seus desejos de Natal.


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© A Maçã de Eva

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