Creio que todos os portugueses são familiares aos nomes "Operação Paelha", "Operação Remédio Santo", "Apito Dourado", entre outros nomes que designaram grandes investigações da Polícia Judiciária. Não entrando propriamente no mundo da investigação, estou a preparar-me para o mundo da "lição", começando a estudar a hipótese de dar início à "Operação Cirque du Soleil".
Com estes dias de verão, eu e o PAM, em dias que podemos, temos tirado algumas manhãs para dormir e acordar sem a música do despertador. Só que algumas vezes isso acontece nos dias em que a senhora que nos limpa o lar aparece em casa. Então, acordamos com as chaves, a porta a abrir e os ruídos a que o trabalho de limpeza obriga.
Até aqui tudo normal.
E nós, nos dias em que podemos, na cama nos mantemos apesar de acordados, umas vezes a ver as notícias nos telemóveis ainda no escuro, outras vezes a descansar os olhos no escuro à espera que a energia desça para nos levantarmos da cama e à vezes nem o PAM está e sou eu que estou sozinha na cama e no quarto.
E há coisa de uns dois meses começou a dar-se um fenómeno que me irrita profundamente: como temos o cesto de roupa suja no closet (que é dentro do quarto) e estando os estores para baixo, a senhora que limpa a casa parte do princípio que estamos a dormir profundamente, não bate à porta e entra no quarto abrindo a porta de mansinho, vai buscar cesto para lavar e sai de mansinho novamente.
E da primeira vez incomodou-me, mas uma pessoa não vai implicar por um esquecimento no meio do escuro. Da segunda começo a perguntar-me o que se passa. Da quinta em diante de cada vez que a porta se abre sem o "knock, knock" até me fervem as costas e percebo que se tornou um hábito.
Eu percebo a intenção que é achar que estamos num sono profundo e não querer acordar-nos, como se fosse possível. Mas depois penso na equação "quarto de casal + onde dorme um casal + onde casal está às escuras + quarto silencioso + privacidade", se calhar não era mal pensado desistir na boa intenção de "deixar dormir" e jogar pelo seguro.
Nunca interrompeu nada, nunca apanhou nada, nunca viu nada, nunca houve nenhuma situação chata, mas isto provoca-me calores nas costas. E causa-me constrangimento ter de ensinar uma coisa básica a um adulto, sem falar na falta de paciência que me invade para coisas elementares e pouca disposição para a chatice. Sou uma pessoa pela paz.
Então, queria preparar a "Operação Cirque du Soleil". Esta semana pretendo começar em treinos para esta posição para a qual seremos apanhados em "flagrante". O objectivo é matar a senhora de vergonha e nunca mais ter coragem de entrar numa divisão de porta fechada onde nos encontremos, pelo menos sem bater à porta.
Espero que o PAM alinhe, senão terei de rasgar as cuecas ao homem e deixá-lo em pelota nano-segundos antes de a senhora entrar no quarto de mansinho, sem bater à porta, pela quinquagésima vez.