13.5.15

Um dia mato este gajo #51

Estava eu no meu escritório de casa a trabalhar, concentrada, mesmo concentrada nos meus afazeres, quando comecei a ouvir o PAM noutra divisão, com uma respiração esquisita.

A respiração ouvia-se cada vez mais alta e ritmada, como quem se encontra em dificuldades, como quem se esforça por sobreviver, num ritmo acelerado. Tirei os olhos do monitor, olhei para o chão de forma afastar distracções, virei as orelhas para fora da sala e concentrei-me no barulho para perceber se era mesmo o PAM a debater-se para respirar ou a TV ligada por acaso.

Um barulho de quem cai ao chão.

Levantei-me de imediato empurrando a cadeira para trás com os joelhos, fui ao encontro dele a correr, já com o coração na garganta à espera de ver o homem a sufocar, cruzo-me com o gato disparado no corredor, revejo mentalmente os passos da manobra de Heimlich, num desassossego mental "ai, que fico viúva!".



Mas não, lá estava ele normal da vida, semi-deitado.

- O que estás a fazer???

- Fingir de morto para ver o que o gato faz.

Eu havia de ter pegado naquela cadeira e dar-lhe tantas vezes no lombo que lhe havia de faltar o ar e alguém que o salvasse.



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© A Maçã de Eva

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