17.4.17

Gravidez: a decisão de contar aos outros

Salvo excepções, geralmente quando uma mulher sabe que está grávida tem pouco mais de um ou dois meses de gestação. Infelizmente muita coisa pode acontecer, as 12 semanas marcam a passagem para um período de maior segurança, mas são muitas as gravidezes que ficam pelo caminho. Os abortos espontâneos no primeiro trimestre são mais comuns do que se imagina.

Por este motivo muitos casais hesitam: anunciar a boa nova a amigos e família ou guardar segredo até passar a “barreira de segurança”? Ou ainda, anunciar apenas às pessoas mais próximas?

Comigo foi muito simples: de teste de gravidez positivo na mão, ameacei logo o pai da criança. Nada como deixar bem claro e sem margem para enganos qual era a minha vontade (e quem manda é a grávida). Por ele, bem sei, corria-se imediatamente o mundo com a boa nova e eu tinha apenas um mês de gravidez. Mas para mim nem pensar, estava fora de questão, embora no meu caso nada tivesse a ver com receios de que algo pudesse correr mal. Na verdade, nunca me senti melindrada que alguma coisa pudesse correr mal, estive sempre confiante e com um espírito muito positivo, esses medos nunca ocuparam espaço na minha cabeça.

O meu problema eram as pessoas que, por melhores intenções que tenham, não conseguem aguentar. Dizem sempre a A ou a B “mas não digas nada que te contei e não contes que eles não querem que se saiba!”. E assim vai de boca em boca e todo o mundo sabe. Esqueçam, não há capacidade para segredos! Quando souber a primeira pessoa é muito provável que se alastre. São notícias boas, deixam as pessoas contentes (a maioria das vezes) e é mais forte do que elas, não conseguem guardar.

E qual é o problema de se saber? São os palpites e conselhos que se multiplicam que, acreditem em mim (até estou a revirar os olhos), é esgotante, desnecessário e sobretudo, muito, mas muito chato. As pessoas em geral ainda não compreenderam que se uma grávida quiser conselhos, ela pede. Se não pedir é porque não quer.

Além de querer poupar a minha paciência, quis viver esta fase a dois o máximo que pudesse esticar no tempo. A gravidez era nossa, o bebé era só nosso e de mais ninguém. Apenas a médica obstetra sabia. Aos três meses de gravidez andava na praia com a minha mãe e as minhas irmãs, nunca repararam em nada. Felizmente demorei a ter barriga o que me permitiu guardar o segredo por mais tempo.

Só aos quatro meses revelei a novidade, mais porque queria contar a algumas pessoas e começar a escrever sobre o assunto. Então, se era para contar a uns, mais valia espalhar a notícia, era certo que não ia ficar em segredo muito tempo, sobretudo quando a grávida era eu, coisa que ninguém no mundo conseguia acreditar que algum dia viesse a acontecer dado o meu gosto por crianças.

E claro, assim que se fez o anúncio ao mundo, logo brotaram listas do que tinha de fazer e o que tinha de tomar. Há um mundo de portugueses com espírito médico e receituário na mão prontos a ditar que vitaminas deve tomar uma grávida. E eu não tenho paciência, desculpem. Eu sei que a intenção é boa, mas as pessoas não colaboram.

A somar aos conselhos, surgiram chamadas e SMS de pessoas a quem não comunicámos a boa nova. Em menos de 24H a novidade já estava fora do país. Eu não digo que as pessoas não aguentam?


Crónica publicada na página Universo do Bebé by Continente, aqui.


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