Este documentário é tãaaaaaaa bom que ando há dias a pensar nele e podem vê-lo na HBO.
A ideia é genial: fazer uma experiência social e criar um influencer de forma artificial, ou seja, que não cresceu a pulso produzindo conteúdos capazes de reter a atenção de potenciais seguidores.
E o que é preciso para se ser famoso no Instagram? Dinheiro. Só e apenas dinheiro.
O documentário começa com um casting que procura pessoas que querem ser famosas. Uma pessoa sente logo um vazio constrangedor. Para que é que uma pessoa quer ser famosa? E daí assiste-se a um desenrolar de poses, acção, falsidade e enganos. Mas nem tudo corre como previsto e é aí que está a parte interessante.
Quanto pesa a mentira na consciência?
Mais vale ter poucos seguidores verdadeiros ou não importa a qualidade, desde que sejam muitos?
A realidade dos seguidores comprados é doentia desde a responsabilidade do próprio Instagram às manobras pessoais de querer parecer mais do que se é. OK, isso até é expectável, o Instagram só quer dinheiro e estes jovens vivem obcecados com a fama. Mas estranhei o papel de palhaço das marcas.
Como marca já fui contactada mil vezes para parcerias. Dou um olho e zás, encontro seguidores falsos. E - para mim - quem compra seguidores não se acha suficiente, tem fraca auto-estima, engana as marcas e está o negócio fechado, é um "não".
Para ver se um perfil tem seguidores comprados e há muitas (mas muitas) influencers portuguesas que fazem isso, basta dar um olho aos seus seguidores. Uma lista onde constem nomes estranhos, demasiados nomes estrangeiros, sobretudo com caracteres ilegíveis para nós (árabe, persa, chinês, etc.), demasiados seguidores que quase não têm fotos, que seguem poucas páginas ou mal têm seguidores, isso é sinal de que há seguidores comprados.
Pena que o documentário não tenha um segundo episódio que passe o pente pelo comportamento de algumas influencers e, mais ainda, pela antítese do profissionalismo e do rigor, entalando algumas marcas pela falta de palavra. Já me aconteceu. Adorava poder contar, mas terei de guardar para mim. No entanto, enquanto marca que comunica com outras marcas, eu conto. Algumas pessoas podem não saber, mas entre marcas vamos pedindo referências, partilhamos histórias e opiniões. E isso, riquezas, pode significar mais ou menos trabalho para a influencer. Geralmente menos.
No entanto, discordo completamente da ideia que o documentário transmite de que estes influencers querem que as pessoas se sintam mal, inferiores. Não, acho antes que querem parecer mais, gabar-se, ostentar, parecer que são os maiores. São diferentes pontos de vista, embora ambos maus.
Anyway, neste belíssimo documentário o fim é muito interessante, mas cada um terá a sua conclusão. Qual foi a vossa? E qual é o futuro dos influencers que não constroem nada e contam com a eternidade das suas caras bonitas?