A Carmencita ainda nem era um projecto e tendo eu uma marca de sapatos, as leitoras do blogue escreveram muitas vezes comentários sobre a necessidade de sapatos de criança, procurando convencer-me a entrar nesse ramo de negócio. Foram comentários que fui lendo, mas nunca esteve (nem está) no meu horizonte ir por aí.
Fiquei grávida, a Carmencita nasceu e aumentaram os comentários para fazer sapatos de criança. Ler os "não há" a que tinha dado pouca importância ganhou nova dimensão. Agora era uma nova necessidade e depois de estudar o mercado, efectivamente não há muito pouco por onde escolher: ou são feios ou são pavorosos. Juro que não compreendo as marcas de sapatos de criança, qual a hesitação de optar por um design simples e funcional? Brilhantes, purpurinas, unicórnios em arco-íris e marcas chapadas em letras evidentes? Dói-me no bom gosto.
Existem por aí alguns sapatos giros mas que não me convencem. Não vale a pena mentir, olho para mil sapatos de bebé/criança com olhos de profissional. Sofríveis, alguns com solas duras como cornos, tinha de atirar aquilo aos dedos do fabricante e perguntar "gostas?". Vi sapatos giros, mas com interiores maus, seria incapaz de calçar a minha filha assim. Há merceditas giras e feijões engraçados nesses sites espanhóis, mas alguns até são de pano e têm suporte zero.
Sei que não trago novidade nenhuma, às vezes o preço custa, mas a qualidade dos sapatos é fundamental quando o bebé começa a gatinhar. Logo a seguir começa a tentar ficar de pé e a dar os primeiros passos agarrando-se a tudo.
A minha filha nunca usou sapatos enquanto muito bebé, usava meias/collants. Teve mil botinhas de lã e uns sapatinhos desses que nem têm sola, mas quase não usei, acabam por sair dos pés e como a maior parte da roupa dela é emprestada das primas, não quis perder as coisas e deixei na gaveta. Nunca lhe fez falta, mas assim que começou a deslocar-se tínhamos de comprar sapatos.
Pode parecer parvo, mas uns bons sapatos podem determinar quão depressa se desenvolve no gatinhar/andar. Os sapatos têm de ser flexíveis q.b. para representarem uma ajuda e não um empecilho, têm de ter um calcanhar que ofereça suporte ao equilíbrio de uns tornozelos de papel, têm de ter uma palmilha confortável (até nós adultos damos preferência a palmilhas moles) e, de extrema importância, sola de borracha. É também fundamental que sejam em pele, os sintéticos muitas vezes fazem feridas, não absorvem a transpiração e sendo em pele duram muito mais.
Ninguém me está a pagar para isto (a eterna desconfiança dos blogues), os sapatos que escolhi são capazes de combinar as necessidades dos primeiros passos com o facto de serem giros, tanto que eu tenho a certeza que a minha filha vai usar este modelo por alguns anos. Isto vai ser um "deixa de servir, compra outros iguais".
O modelo chama-se Gioppa, é da Chicco, custam 50€, eu escolhi a cor taupe, mas existe em azul escuro. Os azuis escuros não são feios, mas faz-me confusão ver os pés dela muito escuros, o taupe dá com tudo. São os únicos sapatos que tem, usa todos os dias e estão impecáveis. Vi em sites espanhóis outras cores, há uns cor-de-rosa pastel, mas nunca os vi nas lojas portuguesas. Por motivos que desconheço, nem encontro o modelo na página portuguesa da marca, mas nas lojas é fácil de encontrar.
Para quem tem filhas e desespera em busca de sapatos (I feel you!), eu garanto que não se arrependem com este modelo. E aprendam comigo: na hora de comprar, ao experimentar o sapato e com a criança de pé (não experimentem os sapatos quando sentados) o nosso dedo mindinho tem de caber no calcanhar sem ficar muito apertado.
E umas pantufas dentro do género? Tem sido um filme. Tantas vezes lhe calço estes sapatos por cima do babygrow para não andar pela casa a escorregar. De facto, não é fácil comprar sapatos para as crias.