24.2.17

"Já nasceu?"



Há dias, entre o meu telefone e o dele, começámos a saturar. Perguntas, umas atrás das outras, "então não nasce?", "ainda demora?", "afinal é para quando?". Quando começámos a fazer contas ao somatório, fiz esta publicação no meu Facebook pessoal.

Depois do meu lado ainda acresce o blogue. Se não publico alguma coisa por um par de horas, logo começam a pingar mensagens com as mesmas perguntas e algumas acrescidas de certezas: "tenho a sensação que já nasceu". Às vezes apetece-me nem olhar para o telefone, mas o iPhone é para mim uma boa fonte de distracção, sobretudo quando acordo a meio da noite e o sono fica em stand-by. 

Se sou avistada no consultório ou no hospital, onde vou de rotina como outras grávidas, numa questão de segundos aparecem mensagens e comentários. Vou ao telefone para me distrair enquanto espero que chamem pelo meu nome como em qualquer consulta e acabo por ler mesmo quando não quero: "acho que a vi no hospital, é agora!".

Entre família, amigos, conhecidos e o blogue, chega a ser incalculável. Atenção, não existe qualquer dúvida que a intenção é a melhor de todas, que as pessoas o fazem de coração, mas falta vestir a nossa pele e imaginar como é receber estes contactos, um após um, outro após mais um. É que não pára. A intenção é a melhor, não há dúvida quanto a isso, mas se pensarmos bem, o que adianta a pergunta? Não nasce mais cedo nem vamos dar informações em exclusivo.

Deste lado a sensação não é espectacular. Sente-se pressão e perseguição, sendo que ao mesmo tempo sabemos o interesse é simpático e genuíno. Ou seja, perseguidos, fartos e com um sentimento de estarmos a ser injustos porque as pessoas na verdade estão a ser simpáticas. Como se gere isso? Não sei, mas tenho de confessar que preferia que não me perguntassem nada. Não, ninguém precisa de me pedir desculpa por ter contactado (é voltar ao mesmo, por favor não e nem é caso para tal), mas se formos racionais as perguntas não vão mudar nada ou, melhor, só muda para nós que também estamos à espera e as vamos recebendo em modo chuva.

Mas uma coisa podemos garantir, quando nascer não vamos esconder e terá direito a publicação. Até lá é esperar, tal como nós.

Obrigada pelas mensagens e carinho, não levem a mal, mas precisamos de uma pequena folga dessa pressão não intencional 


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© A Maçã de Eva

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