18.11.16

Gravidez: toda a verdade #9


Há dias fui fazer aquele teste pelo qual todas as grávidas têm de passar: o teste de glicose que consiste em tirar sangue, várias vezes, em jejum, antes e depois de beber uma carga de açúcar e assim poderem diagnosticar a possibilidade de sofrer de diabetes gestacional.

Este teste faz-se entre as 24 e as 28 semanas de gravidez. Li e ouvi falar coisas horríveis do exame, não fazia ideia de como ia ser para mim. Mas depois de fazer o exame vejo que existe algum dramalhão por aí. Não vão ao engano, o pior não está na mistela que é preciso beber.

É um dia que começa torto, ninguém tem vontade de acordar e ir a correr para o centro clínico em jejum e saber que em jejum ficará pelo menos três horas. Sobretudo quando nos estamos a preparar para sair de casa e ataca-nos o cheiro de torradas com manteiga que o homem devora na cozinha, pois tinha direito a tomar o pequeno-almoço.

Vamos lá ver, eu sou uma mulher de comida e não tenho um acordar espectacular. Se me tiram a comida, obrigam ao jejum e ainda me dizem que vou ficar três horas para fazer um exame, eu vou um feitio dos diabos. Estava possuída pelo demo! Saí de casa com grandes trombas, deixei o homem com as torradas cheio de pena de mim e lá fui eu.

Chegando ao centro clínico, tiram sangue em jejum. Primeiro furo no braço.

Depois, dão-nos a beber um líquido extremamente açucarado (aquela coisa tem 75gr. de açúcar, coisa para 400 ou 500 calorias num copo). Deram-me a escolher entre laranja ou limão, fui pelo de limão e surpreendeu-me o quão gelada estava a garrafinha. E é aqui que uns centros clínicos podem ser diferentes uns dos outros: bebi de um tiro, é extremamente doce, o sabor a limão é agradável, mas estava tão gelado que a coisa disfarça muito bem. Falei com amigas a quem deram aquilo à temperatura ambiente e, aí sim, deve custar mil vezes mais.

É um produto com uma consistência exactamente igual à água, não tem consistência de gel (não sei o motivo mas achava que era tipo gel de banho), a versão de limão é perfeitamente tolerável, mas isto de ser muito frio ajuda. Sugestão: antes de fazerem o exame, liguem para o centro onde costumam fazer as análises e perguntem se colocam as garrafinhas no frio.

Uma vez bebida a água açucarada, mandam-nos ficar quietas e sentadas para voltar a tirar sangue ao fim de uma hora. Segundo furo no braço.

Voltamos para a cadeira. Uma outra hora depois voltamos a ser chamadas para tirar sangue novamente. Terceiro furo no braço.

Tudo isto, em repouso absoluto, sentadas numa cadeira ou num sofá, não podemos circular, nem fazer esforços de algum tipo. Levem um livrinho, filhas, porque é a seca de uma vida.

Foi durante este exame, em jejum, a pensar em todo o tipo de comida, que eu pensei nas horas de trabalho que estava a perder, no injusto que é ser mulher e não poder passar a gravidez ao homem, foi a partir deste momento que eu comecei a perceber: estou farta de estar grávida. Tanta coisa que a ciência inventa e não foi ainda capaz de inventar um teste menos maçador! Eu odeio perder tempo.

Em suma, o teste em si não custa nada. Os nervos de estar a perder tempo, o apanhar uma seca e ter de ficar horas à fome é que deixa uma pessoa cheia de nervos.

As gravidezes não são todas iguais, o que eu sinto pode não ser sentido por outra grávida. 

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© A Maçã de Eva

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