10.5.16

Criei uma nova marca! - parte III


Quando lancei a ROS LISBON em 2014, tinha um crush por fatos de banho, bikinis, calções, roupa de verão em geral. Sou uma apaixonada pelo verão, tenho muito mais gozo em criar colecções de verão do que de inverno, mas era uma ideia mais arriscada por ser um negócio sazonal. Nunca me saiu da cabeça, mas também não fiz muito por isso. Não sabia se seria capaz e deixei o tempo passar.

No ano passado, com o crescimento das marcas portuguesas, sempre sem encontrar o que realmente gostava e depois de muita maturação, decidi arriscar. Estive meses a pensar se deveria fazê-lo enquanto para os sapatos tive a ideia e tomei a decisão em 10 minutos.

Comecei a preparar a ROS Beachwear em 2015, um processo moroso sobretudo por me faltar conhecimento nesta área específica do mundo têxtil. Tive de aprender sobre tecidos, elasticidade, composição, cores, costuras, houve tantos materiais para estudar e profissionais para ouvir! E muitos, tantos, protótipos até acertar os modelos conforme os meus desejos. Tenho perfeita noção que não facilitei o trabalho de fábrica, quase suspeito que à minha chegada devem dizer coisas nas minhas costas como “lá vem a picuinhas”. O processo foi longo, mas ficou como eu queria.

Quando decidi criar este projecto e passar da ideia para a acção, a pergunta era: o que aconteceu aos bikinis e fatos de banho normais, cadê eles?

Lembro-me de no ano passado estar no provador de uma marca de fatos de banho e ouvir no gabinete ao lado um desabafo: “não consigo vestir isto!”. Não sei quem estava no provador, mas foi uma luz.

É verdade que estão a nascer milhentas marcas portuguesas de swimwear, o que é bom! Acho óptimo o empreendedorismo, adoro pensar que daqui a uns anos podemos vir a ficar conotados como um país com tradição de moda praia à semelhança do Brasil ou da Austrália. Mas há uma verdade inegável em todas estas marcas: nasceu há uns anos uma marca que veio inovar o panorama e, a seguir, como cogumelos, outras mil a quererem ser essa tal marca (não quero ferir susceptibilidades, não nomeio, mas toda a gente sabe qual é).

Vista geral, andam todos os bikinis enfiados no rabo, com atalhos, atilhos, buracos, fitas, aperta daqui, aperta dali, gola alta, desconstruções e confusões!  Às peças só falta um livrinho de instruções que ensine a vestir à semelhança dos móveis do IKEA. Isto, é evidente, é uma opinião muito pessoal enquanto consumidora.

Decidi correr um risco: fui no sentido completamente oposto a todas estas marcas que têm vindo a aparecer.



Há dias um dos meus primos (que não se ensaia nada para dizer que não gosta de uma peça minha) disse que a minha colecção era tão normal que, comparado à oferta actual, até parecia “diferente”. E era isso mesmo que eu pretendia.

É um risco assumido. Fatos de banho e bikinis que não se enfiem no rabo (uns mais reduzidos que outros a ver como o mercado responde e o que procura, mas nada de realmente enfiado na bunda), sem atalhos, atilhos e esquisitices. Peças normais, para pessoas normais e não só para quem tem um IMC negativo. Já não aguento peças que parecem um puzzle.

O objectivo passou por peças funcionais, que permitam dar um mergulho numa onda e com um fitting que permita que uma maioria das pessoas goste de se ver e não só as magras. Uma amiga que experimentou disse: “fica mesmo bem, não é preciso ser modelo” e eu ganhei o dia.

Malhas extremamente suaves, em forros pretos ou cor de terra (para zero transparência, não gosto de forros que são transparentes), em forros com tecnologia de protecção solar SPF 50 e nada daquelas mousses transparentes que às vezes picam na pele ou até deixam entrar areia da praia entre a malha e o forro. Os meus forros, além da inovação de protecção solar, tem o nome de “silk”. O nome traduz o toque do que vão poder encontrar.

Adoro olhar o resultado da minha nova marca. Às vezes nem sei como fiz isto tudo.



Nas minhas últimas viagens ao Rio de Janeiro levei comigo algumas peças. Quis poder colocar defeitos, avaliar, quero sempre ver onde posso melhorar e isso só é possível com uma experiência pessoal. Céus, como castiguei os meus bikinis nas viagens para ver como se portavam! Até vieram salgados, fechados num saco de plástico a cheirar a mofo e estiveram que tempos largados num alguidar. No fim, malhas lavadas como novas.

Mal posso esperar para me cruzar com as minhas peças nas praias portuguesas como às vezes acontece com os sapatos ROS LISBON na rua.

O meu segredo de negócios? Não é um grande segredo, é mais um método: em tudo o que faço coloco-me no lugar de consumidora e não no de vendedora. Faço tudo como gostaria de ver se fosse eu a cliente, desde a resposta aos emails, à escolha dos materiais e à escolha dos modelos que me apetece vestir/calçar a cada colecção. O crescimento diz-me que fazer escolhas desta forma tem sido boa opção.

A marca está por dias para começar a ser vendida, mais histórias num novo post!






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© A Maçã de Eva

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