10.12.15

Tontas de casa desesperadas

Avisou-me uma leitora, "olha que dizem que a tua lista de Natal é publicidade!".

Não é importante na medida em que não me muda os dias e tudo fica na mesma, mas a estupidez disfarçada de inteligência é o mesmo que ver a mulher-barba no circo ou o homem com cinco pernas: é irresistível olhar, ser mirone.

A pessoa observa e sente-se sortuda, ao mesmo tempo que sente pena de nada poder fazer pela má sorte (neste caso a burrice) que lhes calhou em sorte no nascimento.

Estas mulheres são as Arrojas dos blogues com a sua mãe que não sabia fazer pénis, são as Câmara Pereira da homossexualidade que é moda. Não são pessoas com meras opiniões diferentes da maioria, são ignorantes, é uma matéria que não trata de opinião. E o pior dos que carecem de inteligência, é a certeza que têm na sua inteligência (inexistente), convencidas de razão, indisponíveis para pensar out of the box ou mesmo fazer a pergunta mais simples: "este post é patrocinado?".


"E num mesmo post relógio, perfume, cuecas vulgares? De chorar a rir. Esta gente recebe dinheiro para apregoar artigos como se estivesse na feira?"

"O que ainda não percebi é se estão a receber para publicitar ou se estão a publicitar para receber... Fico na dúvida"

Dúvidas, dúvidas! Questões fracturantes que mereciam projecção internacional. Estaremos a ser alvo de terrorismo publicitário na lista de Natal da Maçã? Estará você, pessoa individual, a ser enganada visitando um blogue que não aprecia para ser alvo de estilhaços de publicidade na forma de pagamento sobre o qual não recebe uma comissão?

É das coisas que mais me irritam no português pequenino, tacanho, reles: esta cena que existe com o gajo do lado, se ganha dinheiro, se não ganha, porque motivo é ele que ganha e não eu, dinheiro, dinheiro, dinheiro. Qualquer pessoa que tenha mais, nunca será fruto do trabalho, é porque abriu as pernas, porque é fora da lei, porque, porque, porque... e muito raramente se lê "tem e merece!".

Anyway, na minha lista de Natal não recebi um chavo, mas gostava de receber todos aqueles presentes, nem precisam de me pagar.


"No dia em que o Estado levar os blogs a sério e colocar normas como noutros sectores... UI... Ui..."

Ui, ui! Tanta leitura numa só frase! Vê-se logo que trabalha por conta de outrem, num trabalho precário e que nunca teve um negócio. E por que motivo não teve melhor sorte na vida? Exactamente pelo que transmite nesta "certeza" de comentário: vento.

As marcas, quaisquer que sejam, trabalham nos blogues com oferta de produto ou contrapartidas financeiras (ou os dois). E quando é o caso desta última opção, existe uma cena que é contabilidade. E o contabilista e a empresa precisam de uma justificação para a despesa (o pagamento que é feito ao blogue), que neste caso recebe o nome de "recibo verde". Não pense alma alguma que uma marca ou um contabilista arriscam o pescoço por quantias miseráveis pagas aos blogues portugueses.

E portanto, existem nestas parcerias dois elementos, um que paga e um que recebe. E isso não foge às Finanças. E há uma parte desse valor que é ganho pelos blogues que fica para os cofres do estado. Ui, ui, e o que isso custa! Custa tanto quanto custam os que olham para o recibo de vencimento de um trabalho normal. Custa, pronto, mas tem de ser.

Em suma, tanta burrice num só comentário. É uma total falta de noção empresarial. Por outro lado não se deve esperar mais de quem não tem mais para dar. Até porque os que não integram as áreas de negócio são os que mais têm opiniões para dar sobre essas mesmas áreas de negócio. Paradoxos.


"Se é a peça de fruta, penso que não é publicidade, é pedido de presente de aniversário/Natal ao mais-que-tudo....", um comentário certeiro, mas depois, "Sim, sim, isso é o que ela quer que pensem. Vamos lá raciocinar: as pessoas não falam? E ainda que o homem precisasse de fotos, não têm mail, é preciso mesmo escarrapachar no blog?"

"Vamos lá raciocinar", solicita quem justamente não tem raciocínio. É estranho, mais um total paradoxo. "As pessoas não falam?", evidente que não, caro Watson! Já viu o que era eu ter de explicar ao homem como é cada coisa que quero, de que cor, de que material e feitio, dizer a marca, o preço e o site? A minha lista tem 10 artigos, faça a conta ao tempo que eu gastava em descrever cada um deles e à probabilidade de um homem fixar isto tudo dias a fio até ao dia que vai às compras, já pensou? Não, o raciocínio não é um força, é uma fraqueza.

Além disso, porque marido e família tendem a combinar quem dá o quê, imagine-me a ditar a lista toda, descrevendo cada uma das peças, preços e locais de compra, à minha mãe e cada uma das minhas tias. Vamos lá raciocinar, não é? Fazer uma lista no blogue é o mais prático que há, cada um consulta e logo decide se quer oferecer alguma coisa da lista e até pode consultá-la através dos smartphones durante a saga de compras de Natal. Raciocinemos, senhoras! Raciocinemos! Impera dar uso ao raciocínio!

Depois, se é preciso escarrapachar o blogue, não, não é. Podia enviar PDF a toda a gente via email, mas sentia-me muito pedinchona e ordinária, não gosto. Assim é só uma lista de desejos e fica ao critério de cada um. E depois, também dou ideias a outras pessoas e ao mesmo tempo crio conteúdos, os tais que gosta de consultar para se dedicar à maledicência. Que seria das suas horas vagas sem os blogues que tanto detesta?


Mas como há estrelas no alto das árvores, é certo que há esperança! A verdade surge no meio da discussão de alto interesse público: "A fruta já fazia estas publicações ainda tinha meia dúzia de leitores, senhoras...". 

Agradecida por este comentário, senhora com cérebro. Verdade, era eu uma gaiata, o blogue não tinha leitores além de algumas amigas, as marcas nem sabiam ainda que os blogues iam ser um fenómeno de divulgação e eu já fazia listas de Natal. Até porque sempre fiz, desde pequena com catálogos de brinquedos recortados. Nada como dizer às pessoas o que queremos, quais são os nossos desejos. E se forem correspondidos, óptimo, se não forem (agora crescida) compro eu.


Mas dito isto, vamos ao que interessa, que desta celeuma de alto interesse público tenho de retirar alguma sorte.

Façam-me um favor, eu já contactei a ELETTA duas vezes. Fazem eventos com blogues e nunca fiz parte. Adoro a marca, dão o toque por mim? O mesmo para a CHANEL, que não percebo como nunca enviaram nada para a minha morada. É indecente a CHANEL não me ter em conta e oferecer peças a blogues internacionais.

A Make Up Forever nunca me convidou para nada. É de venda exclusiva na Sephora e também nem a Sephora me convidou para os workshops de maquilhagem que deram a bloggers e que fiquei tão invejosa, snhiff!

E as cuecas da Woman'Secret, sabem se a marca faz eventos? É que sou cliente, gostava de participar. A Oysho sei que faz, sou mega-cliente e rien. Nada, nem um convite para ver as novas colecções. Vejo outros blogues a ir, altas publicações nas redes sociais e eu a chuchar no dedo. E a Parfois, sou cliente, e queria tanto ver as novas colecções com as colegas de blogues. Mesmo!

A almofada em que não indiquei marca nenhuma (informando apenas que quero uma almofada viscoelástica), está aberto o spot a uma marca que me queira patrocinar. Está tudo pensado!

Vejam lá o que me arranjam no que toca a estas marcas, ficava mesmo agradecida. Queria mesmo, mesmo, mesmo fazer parte dos blogues convidados. Há alturas em que me sinto um bocadinho excluída. Bem sei que não agarro todos os convites que recebo, mas há marcas em que sou consumidora e gostava mesmo.

Por fim, depois de darem o toque por mim, votos de um Natal mais feliz que o anterior, senhoras! Isso não tem sido fácil para vós, dá para ver.




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© A Maçã de Eva

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