4.11.15

Um dia mato este gajo #55



Meu homem, que podemos chamar de Maria Amélia neste texto, não resiste em apanhar alguma moléstia nas viagens que fazemos. Ora é das costas, do pé, uma febre, uma constipação, é uma lotaria viajar com a Maria Amélia.

Logo no voo de caminho a Roma, meia-hora depois de levantar voo, diz-me: "estou a ficar esquisito da garganta". E a partir daí foi sempre a piorar.

Até que no dia de regresso, todo ele era ranhos, a assoar-se a cada 10 segundos, sempre a fungar, eu nem chegava perto dele! Com os meus lenços de papel a acabar, antes de sairmos do hotel, o homem surripiou um rolo de papel higiénico que colocou na bagagem de mão dele.

Chegados ao aeroporto, tratámos do check-in e dirigimo-nos para a zona de raio-x. Eu fui à frente, ele ia atrás. Estava gente, mas não estava cheio.

Passou a minha mala, passei eu, o homem ficou na minha lateral esquerda, eu recolocava os brincos que tinha deixado no tabuleiro, ele abria espaço na mala para recolocar o iPad e, de esguelha, o meu olho percebe que algo que caiu da mala do PAM, para lá do tapete, na zona interdita (onde está o senhor que visualiza o resultado do raio-x, mais uns seguranças e tal).

Ao mesmo tempo que senti que caiu alguma coisa, inclinei-me para ver o que era.

Passa por mim um rolo de papel higiénico a desenrolar-se em todo o seu comprimento.

O piso tinha alguma inclinação, o que deu aceleração ao papel higiénico que se estendeu pela gigantesca sala em todo o seu esplendor.

No momento em que percebi que era o rolo de papel higiénico, os meus joelhos fraquejaram e comecei a rir como uma hiena. Eu sabia que as pessoas estavam a olhar, mas não conseguia parar.

Nisto, os seguranças percebem que há um objecto rastejante em movimento, dois deles começam a correr atrás do tapete branco que se vai formando a ver se lhe encurtam o comprimento.

O PAM com os braços no ar tenta explicar por mímica que é para o nariz, que está constipado, não fosse alguém pensar que era para o rabo.

Alguém apanha o rolo, eu continuo a rir curvada sobre mim mesma sem conseguir enfiar o portátil na mala, os seguranças devolvem uma parte do rolo (a utilizável), uns riem, outros olham muito sérios e tentam avaliar se não estamos a causar uma propositada cena de distracção para instalar uma bomba e lá saio da zona ao tombos de gargalhadas enquanto o PAM continua a explicar que era para o nariz.


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© A Maçã de Eva

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