18.8.10

USA road trip 2010 - parte I

Em 19 dias fiz seis voos, percorri um país de ponta a ponta, mas não vi tudo. Perdi-me de riso, de cansaço, esfolei os pés, irritei-me, aprendi. Perdi a conta aos quilómetros, tantos e muitos, debaixo de temperaturas amenas, abrasadoras e frias. Gosto mesmo dos Estados Unidos. As pessoas do interior são uma simpatia, moles, vivem (algumas) em terras de extremos de calor e frio, ouvem o zumbido das moscas, não se passa nada durante dias inteiros. O ouvir do pisar da areia e das pedras de um carro a chegar pode ser uma emoção. Já nas grandes cidades, muitos são os americanos que dá vontade de explicar não me fales assim que levas uma chapada. Não sei se é de serem muitos, nas grandes cidades a simpatia não é a mesma. Não sei se é da azáfama, se é de as ruas equilibrarem milhares de pessoas nos passeios, uma demografia por metro quadrado semelhante aos bairros populares de Lisboa em noite de Santo António, não sei se é de haver gente em todo o lado, mas muitos são os que simplesmente don’t care.

Habituei-me à ideia das tips. As gorjetas sucessivas matam-me, mas à medida que o meu passaporte aumenta o número de carimbos na entrada no país, mais me habituo. O melhor é encolher os ombros. Parto do princípio que as pessoas são pagas pelo seu trabalho, mas alguns dizem-me que não, que vivem das gorjetas. Outros dizem que não é bem assim. É normal andar com um maço de notas de dólar para a quantidade de vezes que é suposto deixar uma tip. Existe no país inteiro uma economia particular com base em gorjetas.

Las Vegas é tal e qual como se vê nos filmes. A Strip é enorme, os hotéis são fabulosos, os casinos não há palavras que os descrevam. Não ganhei o meu primeiro milhão como queria, mas também não joguei muito. Fui mais observadora. O pouco que joguei deu-me para ficar deslumbrada com a roleta. Num jogo que já levava muitas apostas, avisei o Poisoned Apple Man que já estávamos a ganhar mais de 50% do apostado. Era altura de sair. Só mais uma! Só mais uma! E assim se perdeu tudo. Assim assisti à destruição de um lucro de cerca de 6,50$USA. Viciado, deixou-me lixada.

Trocos à parte, vi quem perdesse 10 mil dólares em poucas jogadas. Eu contava fichas a uma distância segura, fazia câmbios mentais do que aquele dinheiro dava para fazer e foi-me pedido que ficasse junto à mesa. Um maluco com comportamento cocainado começou a ganhar assim que cheguei. Chamou-me lucky charm, disse que não podia sair da mesa, onde me sentei e fumei um cigarro, dei uns palpites aos quais não ligou e abandonei-o quando começou a perder. Não queria saber do meu feeling, apenas da minha presença e sem interactividade não tem graça.

Em Las Vegas, às 21h a média era de 40ºC. A melhor forma que tenho para explicar a experiência é colocar um secador no quente e ligá-lo junto à cara. É mais o menos a mesma sensação, ainda que com menos vento. Durante o dia é difícil sair à rua, mais difícil ainda é não ter um aspecto suado por mais banhos que se tome. Nunca cheguei a compreender como algumas mulheres se conseguiam manter impecavelmente maquilhadas e sem aquele brilho desagradável que denuncia olha que parece que estás com calor.

As compras são de aproveitar, os outlets uma perdição e lamenta-se a falta de paciência masculina para maior aprofundamento comercial. Às 19h ainda não é possível apanhar banhos de sol, a não ser dentro da água da piscina. Perdi o meu chapéu fashion, o espectáculo dos Blue Man Group é coisa que recomendo e o sushi do Fashion Show Mall é restaurante a não perder!

(continua)
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© A Maçã de Eva

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